sexta-feira, 24 de junho de 2022

A parábola do Juiz Iníquo

 

Iníquo significa ruim. Na parábola, havia um homem ruim, que não tinha respeito por Deus nem pelas pessoas. Ele era juiz, mas não estava interessado em fazer justiça. Na sua cidade também havia uma viúva, que vinha constantemente pedir justiça contra seu adversário (Lucas 18:2-3).

 

Seus pedidos constantes irritavam o juiz.

 

Naquela época, ser viúva era estar em uma posição muito precária. As mulheres tinham poucos direitos e muitas vezes não eram levadas a sério, especialmente em tribunais. Já de idade e sem marido para a defender, uma viúva corria o perigo de sofrer muitas injustiças e cair na miséria. A Lei de Deus tinha instruções muito claras aos juízes, para fazerem justiça para os mais necessitados, incluindo as viúvas (Deuteronômio 27:19).

 

O juiz iníquo não estava interessado em obedecer a Deus e ignorou as súplicas da viúva por algum tempo. Ele não queria saber. Mas a viúva não desistiu e continuou a vir e pedir justiça. Por fim, chegou uma hora em que o juiz ficou farto da senhora e fez-lhe justiça, só para se livrar dela! Ele não temia a Deus nem era dedicado à justiça, mas não aguentava mais ouvir os pedidos da viúva, dia após dia.

 

São duas Parábolas: do juiz iníquo e da viúva importuna e a do fariseu e do publicano no Templo

 

Em cada episódio da vida, Jesus narra o que Deus é para nós: bondade e misericórdia. Parábola viva do divino Juiz, o Pai celestial, Ele espera que jamais alguém seja surdo à voz de Deus e à voz dos que clamam por justiça.

 

Aliás, as palavras do juiz, diante da pobre viúva, são espantosas: “Eu não temo a Deus e não respeito homem algum”. Mais do que simples figura de linguagem, elas expressam a dureza de coração e o orgulho autossuficiente daqueles que se julgam acima de todos, intocáveis e únicos intérpretes da verdade.

 

O encontro da viúva com o juiz não foi uma simples ocorrência; foi um confronto de liberdades, de embates, de busca no encontro de amor e de doação de si mesmo. Injustiçada e lesada em seus direitos, a viúva se sente incapaz de ser ouvida. Sem poder fazer pressão por influências, muito menos dar presentes àquele juiz iníquo e interesseiro, só lhe restava retornar, pacientemente, por diversas vezes, à sua presença.

 

O antídoto para abrir o coração do juiz, não era outro, era o mesmo, oferecido por Jesus ao fariseu: a humildade. De fato, no Templo, o fariseu jamais admitindo a necessidade de uma purificação interior em sua presunção e vaidade, vangloriava-se do que tinha realizado. Coberto pelo véu da vaidade e do orgulho, blasonava-se da observância estrita das múltiplas interpretações da Lei (halakha).

 

Ao invés dele, reconhecendo sua condição pecadora, o publicano, com sua prece confiante e humilde, é acolhido e justificado por Deus. A seu respeito, escreve S. João Crisóstomo: “Porque Deus não ouviu simplesmente suas palavras, mas também leu a alma daquele que a proferia e, encontrando-a humilde e contrita, Ele a julgou digna da sua compaixão e do seu amor”.

 

Ao ouvir estas parábolas, percebemos que a melhor garantia de ser ouvido por Deus e receber seus dons é a oração perseverante. O exemplo é dado pela viúva, que, perseverantemente, vai à casa do juiz iníquo até que ele a atenda. Uma certeza nos é dada por Jesus: “Deus fará justiça bem depressa”.

 

Santo Agostinho, que captou essas palavras do Mestre, nos lembra: “O Senhor quis que da atitude do juiz iníquo se deduzisse o modo como Deus, bom e justo, trata com amor os que recorrem a Ele pela oração”.

 

E, exortando seus ouvintes, diz S. Cirilo de Alexandria: “Como poderá, Aquele que ama a misericórdia e odeia a iniquidade, que sempre estende sua mão salvadora aos que o amam, não acolher os que se achegam a Ele dia e noite?”.

 

Não Desanime Nunca!

 

Na parábola, o Senhor Jesus nos ensina sobre uma das coisas mais importantes de uma vida de oração, a persistência (Lucas 18.1). Ele nos mostra que não podemos desanimar na oração mesmo que ou ainda que, as circunstâncias ao nosso redor “gritem o contrário”.

 

Além disso, o texto destaca o dever de “orar sempre e nunca desanimar”. Não importa o que aconteça, não interrompa a comunicação com Deus (1 Tessalonicenses 5.17).

 

Observe o exemplo do profeta Jeremias. Ele preferia dizer a Deus tudo o que sentia sobre as suas dores, ainda que houvesse excessos de sua parte, do que manter uma religiosidade hipócrita em silêncio (Lamentações 3).

 

O Senhor está disposto a ouvir e entender tudo o que você está sentindo, desde que haja sinceridade e esse desabafo seja fruto de sua relação com ele.

O que vejo muitas vezes são pessoas que não têm o menor relacionamento com Deus, blasfemando e questionando seu amor e soberania. Geralmente isso acontece quando a tragédia bate em suas portas.

 

Não é assim com a pessoa que têm relacionamento íntimo com Deus. Suas palavras, embora mais agressivas contra o Senhor são fruto de um desejo sincero de servi-lo melhor (Jó 42:1-6).

 

“Ele Não Se Importa”

 

Na parábola, o Mestre da Galileia traça dois perfis (Lucas 18.2). O primeiro é um juiz iníquo, que não temia a Deus nem aos homens. Ou seja, era uma pessoa totalmente destituída de consciência espiritual e humana. Ele era um caso de incredulidade mais grave que o ateu.

 

Há muitas pessoas que embora não tenham religiosidade ativa, possuem um caráter amoroso, companheiro, ajudador, etc. Muitos ateus são boas pessoas no que se refere ao seu relacionamento com a sociedade e o próximo.

 

Não é o caso do juiz iníquo. Ele além de não temer a Deus ou respeitar sua existência, não dava a mínima para os conceitos de bons relacionamentos humanos. Ou seja, ele era um péssimo relações públicas. Ele é um ótimo exemplo do que o apóstolo Paulo diz sobre as pessoas dos últimos dias (2 Timóteo 3:2-5).

 

Preciso de Ajuda

 

O segundo perfil traçado por Jesus, na parábola, é a viúva pobre. Ela representa os menos favorecidos (Lucas 18.3). As mulheres do antigo oriente, em geral, eram menos preparadas para os diversos serviços da sociedade. Os cargos importantes e os não, eram todos ocupados por homens.

 

Jesus utiliza o exemplo da viúva para falar sobre a oração, porque Ele quer nos mostrar que não importa o quão frágil, vulnerável ou necessitado estejamos, se estivermos dispostos a perseverar em oração alcançaremos vitória.

 

Não Aguento Mais

 

Neste ponto da ilustração feita com o juiz iníquo, O Senhor nos mostra que a oração, ou seja, o pedido, leva um tempo para ser respondido (Lucas 18.4,5). É para esse tempo que precisamos nos preparar.

 

Isso é algo que vemos na oração de Jesus no Getsêmani. Ele ora intensamente por três vezes. Foi um período tão intenso que ele suou sangue. Ele poderia ter tido um ataque cardíaco ou mesmo um aneurisma, dado o nível de tensão em que ele se encontrava.

 

Mas ele desprezou tudo isso e orou. Na verdade, mais do que isso. Ele permaneceu orando mesmo quando as coisas ao seu redor pioraram. Depois um anjo apareceu para consolá-lo.

 

Por fim, o Senhor Jesus aceitou que a resposta a sua oração fosse: “Não!”. O que fica para nós de lição é que, embora sua petição original não fosse atendida, seu homem interior foi preparado durante o período de clamor.

 

Jesus pôde aceitar e suportar a crucificação, porque ele foi preparado no Getsêmani. Após a dor, humilhação e a morte veio a ressurreição. E depois disso, Cristo recebeu o nome que está sobre todo nome (Filipenses 2.9).

 

O que quero dizer é que entre o pedido inicial da viúva e o seu cumprimento, houve um tempo. Durante esse tempo permaneça em oração.

 

Deus Fará Justiça

 

Jesus encerra a parábola com um conselho: “Ouçam o que diz o juiz injusto” (Lucas 18.6 – 8). A grande lição é: Se alguém como o juiz iníquo é capaz de atender a um pedido, por se sentir incomodado, o que Deus fará diante da perseverança de seus filhos, em esperar por ele?

 

O Mestre deixa claro que, Deus não nos deixará esperando para sempre. Ele atenderá nossa oração. É no momento da espera que precisamos confiar em Deus.

Por fim, Jesus levanta um novo questionamento. Quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra? (Lucas 16:8)

 

Deus é capaz de fazer. E você, é capaz de crer?

 

Deus Te Fará Justiça!

 

E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? (Lucas 18:7)

 

Ao escrever sobre a parábola do juiz iníquo, o autor traz o assunto dessa parábola. Ele diz:

E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer, (Lucas 18:1).

 

Ora, quer dizer que a parábola fala de oração! Porém, nos versículos anteriores do capítulo 17 de Lucas, Jesus estava falando sobre escatologia. (Lc 17:20-37).

 

E assim, exemplificando este ensino escatológico, ele conta essa parábola do juiz iníquo para mostrar o seguinte:

É fato que a iniquidade aumentará (Lc 17:26-29), por isso, os crentes padecerão (Mt 12:24). E o que os crentes irão fazer? Orar.

 

Porém, quem já passou prova sabe que; quanto maior e mais difícil é a prova, mais aumenta a nossa ansiedade e ficamos com a sensação de que Deus não houve, não vê, não responde, não atende!

 

Logo, a parábola do juiz iníquo é um consolo, um alívio para os crentes pois:

Se até um juiz mal, desonesto que não teme a Deus, acaba atendendo a petição de uma viúva, quanto mais Nosso Pai Celestial que é bom, honesto e amoroso, Atenderá Nossas Orações?

 

O juiz dessa parábola não representa Deus, pelo contrário, Jesus o usa para fazer um contraste, mostrando que até o ímpio atende quando é importunado, por isso, muito mais atenderá o nosso Deus, quando clamarmos a Ele em meio as lutas.

 

A viúva representa o Cristão, em uma fase de extrema necessidade. Pelo costume antigo, mulheres não podiam ir no fórum, tribunal etc. Por isso, vemos que esta mulher é sozinha, não tem ninguém para lutar por ela.

 

O adversário da viúva, é o seu problema, sua luta, sua perseguição. Ela não está pedindo vingança, mas está pedindo justiça, que o juiz julgue sua causa, pois Ela sabe que é causa ganha.

 

Após ensinar a importância de orar sempre, deixando já a instrução aos seus seguidores, do que devem fazer nos últimos dias… Ele lança a pergunta:

Quando, porém, vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? (Lucas 18:8).

 

Isso é incrível! A fé está ligada a oração constante. Pois a pergunta poderia ser também:

Quando vier o filho do homem, achará crentes que ainda acreditam em Deus suficiente para orar sem cessar?

 

Me atrevo a dizer que sua fé, é do tamanho das suas orações.

  • Se tiveres fé, Deus te fará justiça!
  • Se tiveres joelho no chão, Deus te fará justiça!
  • Se tiveres vida de oração, Deus te fará justiça!

 

A fé esta ligada a oração, pois a oração é a prática da comunhão com Deus, a fonte de crescimento da intimidade com o Senhor.

 

Deus é capaz de fazer. E você, é capaz de crer?

 

Conclusão

 

A parábola do juiz iníquo é um poderoso exemplo de que nós não podemos deixar de orar, não importa o que as adversidades digam. O clamor nos fortalece no dia mal e nos dá sensibilidade para ser gratos nos dias bons. O Senhor deseja ouvir a nossa voz em um relacionamento sincero e profundo com Ele.

 

Não estamos abandonados a própria sorte, podemos clamar e seremos ouvidos, pois, o Senhor é bom e a sua benignidade dura para sempre (Salmos 107.1).

 

Portanto, fica em paz. Deus te fará justiça, conforme sua fé e orações. E orar é a coisa mais fácil do mundo.

 

Já falou com Deus hoje?

 

A M É M ! ! ! !

 

Pr. JACIR AILTON DA SILVEIRA

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Deus Odeia a Injustiça

 

“Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Eu digo a vocês: Ele lhes fará justiça e depressa. Contudo, quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra?”

Lucas 18:7-8 NVI

 

Deus governa este mundo, e Ele governa com justiça. “Justiça e direito são o fundamento do teu trono; graça e verdade te precedem” (Salmo 89:14). Deus delega autoridade e responsabilidade para nós, seres feitos à sua imagem, e Ele espera que exerçamos a justiça em seu nome. “Por meu intermédio, reinam os reis, e os príncipes decretam justiça” (Provérbios 8:15) e “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Miquéias 6: 8).

 

De acordo com Gregg Allison, a justiça é “dar às pessoas o que lhes é devido, em especial no que diz respeito à administração de uma lei”. A Bíblia muitas vezes refere-se a um tipo específico de justiça, justiça social, que é “a partilha equitativa dos meios econômicos, dos prospectos educacionais, da influência política e de outras oportunidades dentro de uma comunidade”.

 

O Antigo Testamento ordenava que a nação de Israel cuidasse dos fracos, dos vulneráveis, dos destituídos. Ordenava que seus líderes governassem de forma equitativa, de acordo com a lei de Deus. Qualquer falha em fazê-lo era uma grave injustiça e trazia a ameaça do julgamento de Deus.

 

O Novo Testamento traz um fim à nação de Israel, mas certamente não um fim à justiça, visto que “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo. “(Tiago 1:27).

 

Quanto à administração da justiça na sociedade, o governante civil é “ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.” (Romanos 13:4, ver também Mateus 25: 31-46, Tiago 2: 1-13, Atos 6: 1-7).

 

Deus não vai tolerar qualquer coisa abaixo do seu alto padrão de justiça. Especificamente, Ele odeia as pessoas que enganam os outros, a fim de enriquecer-se (Deuteronômio 25: 13-16).

 

Ele odeia aqueles que pervertem a justiça declarando povos culpados inocentes e inocentes como culpados (Provérbios 17:15). Ele odeia aqueles que cometem o último ato de injustiça: o assassinato do inocente (Provérbios 6:17).

 

Por que Deus odeia a injustiça?

Deus odeia a injustiça porque ela perverte o seu mundo. O objetivo de Deus para a justiça é que ela reinasse neste mundo através das pessoas feitas à sua imagem. Ele chama as pessoas para cuidar dos outros em amor e para aliviar o seu sofrimento.

 

Greg Forster diz: “O evangelho em si requer que a igreja tenha uma visão de justiça que desafie a ganância e a opressão do mundo. E, ao libertar o povo da escravidão espiritual da culpa e do medo, o evangelho expõe a impiedade dos poderes do mundo que exploram a escravidão espiritual para ganho egoísta. É por isso que a igreja na terra é ‘a igreja militante’. A igreja não é a igreja se ela não está em guerra com a injustiça do mundo”.

 

Em última análise, Deus deseja que as pessoas encontrem sua satisfação nele, encontrem a paz nele e tragam a paz para os outros através da justiça.

John Piper diz: “Quando usamos falsos balanças ou mentimos sobre nossas declarações de impostos ou deturpamos os fatos em nossos negócios, estamos declarando que a doçura fugaz do pecado é mais desejável do que a paz eterna de Deus. Isso não honra a Deus e, portanto, não traz prazer ao seu coração. “‘A balança enganosa é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o seu prazer’’’.

 

O julgamento de Deus sobre os injustos

O próprio Jesus fala sobre o julgamento final e sobre o que vai acontecer a todos os que cometem atos de injustiça. “Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me” (Mateus 25: 42-43).

 

As pessoas vão saber quando e como isso aconteceu, e Jesus responderá: “sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer” (45).

 

E então virá a consequência da sua injustiça: “E irão estes para o castigo eterno” (46).

 

A injusta não tem lugar no reino eterno de Deus. Em vez disso, eles vão pagar o preço mais terrível por negligenciar os necessitados e se rebelarem contra Deus.

 

Em Romanos 1, Paulo destaca uma longa lista de pecados que marcam aqueles que se afastam de Deus no ódio idólatra, e muitos deles se relacionam com a injustiça: “cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia” (29-31).

 

Em uma lista semelhante em 1 Coríntios 6:9-10, Paulo diz especificamente que os ladrões, os avarentos e os roubadores não podem herdar o reino de Deus. Deus deixa claro: o injusto será punido por sua injustiça.

 

Esperança para o injusto

Mas há esperança para os injustos. Há esperança para aqueles que fizeram atos deliberados de injustiça e para aqueles que não conseguiram aproveitar todas as oportunidades para expressar o amor para com os outros. A esperança é o evangelho de Jesus Cristo, pois Jesus disse: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores” (Marcos 2:17).

 

Jesus veio ao mundo para salvar os injustos.

Na cruz, o Filho de Deus perfeito e sem pecado sofreu o maior ato de injustiça ao ser torturado e morto. E, ainda assim, a cruz foi também o maior ato de justiça, porque a dívida do nosso pecado foi paga totalmente – em seus ombros.

 

Através de seu sacrifício, Jesus satisfez a ira de Deus contra o injusto, comprando o perdão daqueles que recorrerem a Ele em arrependimento e fé. “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito” (1 Pedro 3:18).

 

Sobre a viúva insistente

 

Nota-se que em nenhum momento aquela viúva pediu vingança. Ela apenas buscava a justiça contra o seu adversário. Várias vezes recorrendo ao juiz, passando por tribulações, mantendo sempre a fé e perseverando na oração.

 

Na narração de Lucas, temos que o juiz nem se importava com os homens. Despreocupado com as necessidades dos outros, tanto quanto com a opinião alheia. A viúva, especificamente indefesa e vulnerável por não possuir familiares para ajudar a defender a sua causa, era favorecida somente com a justiça e a sua persistência. (Lucas 18:2-3).

 

O Senhor pergunta “Acaso Deus não fará justiça…?”

Se um juiz indigno, que não se sente incomodado com o que é certo e o que é errado, é, pela insistência compulsado a fazer justiça a uma pessoa indefesa, que dirá Deus deixará de atender a sua oração. “Continuará fazendo-os esperar?”

 

Certamente Deus não demorará em ajudar os seus escolhidos quando estiverem com a razão. Deus não se compara ao juiz injusto, que se importunou até se cansar e ceder à petição. (Lucas 18:7).

 

Creio que o foco desta parábola é a persistência nas nossas orações, a fé inabalável de uma viúva e a justiça, tendo a certeza de que Deus não tardará em atender nossas orações, no tempo dele, pois Ele é justo, sendo necessário, portanto, vigiar e orar sempre.

Assim como esta viúva, o povo deve ser persistente diante de suas reivindicações, principalmente na esquisita conjuntura atual.

 

A esperança escatológica e a justiça de Deus

 

Os versos 6 a 8 inserem a parábola no contexto da esperança escatológica e a ligam com o tema da vinda do filho do homem de Lucas 17,20-37.

Neste sentido, justiça, juízo, graça e perseverança são temas que se unem na parábola.

 

O estabelecer da justiça de Deus está vinculado à vinda do filho do homem que virá para fazer justiça aos pobres e oprimidos que se confrontam com situações cotidianas de direitos negados.

Mas, a justiça de Deus é motivada pelo seu amor e sua misericórdia e não pela preocupação consigo mesmo como no caso do juiz injusto da parábola.

 

É nesse contexto que Lucas insere a parábola da viúva persistente, advertindo para não desanimarmos na luta ativa para fazer presente a justiça de Deus.   

 

A parábola encerra com a pergunta problematizante: "Quando o filho do homem vier, encontrará fé na terra"? O exemplo da viúva persistente fica claramente apresentado como modelo a ser seguido pela comunidade de discípulos e discípulas.

 

A advertência de Jesus é quanto à espera ativa e persistente pelo reinado de Deus. A fé aqui referida é sinônimo da postura e ação da viúva em que, na situação de injustiça na qual parecia haver total ausência de Deus, ela se implica de maneira insistente e incansável.  

 

Portanto, manter a fé significa não desanimar, não desistir e perseverar em busca incessante da realização da ação salvadora e libertadora de Deus, comprometendo-se com seu projeto de justiça, principalmente para os grupos mais excluídos e oprimidos para quem Ele, justo juiz, dirige sua misericórdia.

 

O exemplo trazido nessa parábola nos convida a viver uma fé não fatalista e não conformista, mas uma fé e oração ativa, combativa e persistente comprometida e implicada com a luta pelos direitos das pessoas mais excluídas.

 

A pergunta continua pertinente: Será que quando o filho do homem vier, encontrará fé como a dessa mulher?

 

Que a herança e exemplo dessa parábola nos ajudem a manter uma fé ativa e operante em meio ao mundo de estruturas injustas.

 

A impaciência e persistência da mulher viúva para nós é como modelo de fé e oração

 

 

 

Versículos-chave sobre a injustiça

  • Deus odeia pesos falsamente definidos para enganar o cliente (Deuteronômio 25:13-16)
  • Deus odeia as mãos que derramam sangue inocente (Provérbios 06:17)
  • Deus odeia aqueles que justificam os perversos (Provérbios 17:15)
  • Deus odeia aqueles que condenam os justos (Provérbios 17:15)
  • Deus condena aqueles que agem injustamente e acolhe aqueles que agem com justiça (Mateus 25: 31-46)
  • Deus ama a religião compromissada em ajudar os pobres e negligenciados (Tiago 1:27)
  • Deus levanta os líderes da igreja para garantir que seu povo seja tratado de forma igual (Atos 6: 1-7)
  • Deus puniu justamente o seu Filho justo para satisfazer a sua ira contra os injustos (1 Pedro 3:18)

 

Pr Jacir Ailton da Silveira

Teólogo e pastor.