O
Sermão da Montanha
Pr. JACIR AILTON DA SILVEIRA
– Membro do CFP – Conselho Federal de Pastores sob nº C-1280, desde 07/2010.
O sermão do monte
apresenta princípios éticos e morais pertinentes ao reino do Messias? Que
relação há entre a degradação moral do gênero humano e os princípios anunciados
por Jesus? O sermão do monte é um conjunto de normas e princípios de cunho
ético e moral? É um estatuto do reino de Cristo? Basta comportar-se segundo
alguns princípios éticos e morais que o homem terá direito ao reino dos céus?
E Jesus, vendo
a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus
discípulos; E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
Bem-aventurados
os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados
os que choram, porque eles serão consolados;
Bem-aventurados
os mansos, porque eles herdarão a terra;
Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventurados
os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventurados
os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventurados
os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventurados os que sofrem
perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo,
disserem todo o mal contra vós por minha causa. (Mt 5:1-11)
A mensagem nos capítulos 5
a 7 de Mateus é chamada de Sermão da Montanha ou do Monte, porque JESUS a
pronunciou em um monte nas proximidades de Cafarnaum. Este sermão provavelmente
foi proferido em vários dias de pregação e ensino. Nele, JESUS revelou seu
pensamento em relação à lei. Demonstrou que posição social, autoridade e
dinheiro não são importantes em seu reino, o que importa é a fiel obediência a
DEUS. O Sermão do Monte desafiou os líderes religiosos daquela época,
orgulhosos e legalistas. O sermão os chamou de volta às mensagens dos profetas
do AT, que, como JESUS, ensinaram que a obediência sincera a DEUS é mais
importante do que a aplicação leviana da lei.
Grandes multidões seguiam
JESUS. Ele era o principal assunto da cidade; todos queriam vê-lo. Os
discípulos, os companheiros mais íntimos deste homem popular, certamente foram
tentados a sentirem-se importantes, orgulhosos e possessivos. Estar com JESUS
não apenas lhes garantia prestígio, mas também poderia constituir-se numa
oportunidade para receber dinheiro e poder.
As multidões se reuniam
mais uma vez. Porém antes de dirigir-se a tão grande número de ouvintes, JESUS
chamou seus discípulos à parte e advertiu-os sobre as tentações que
enfrentariam como companheiros DELE. Disse-lhes que não esperassem fama e
fortuna, mas pranto, fome e perseguição. No entanto, JESUS garantiu a seus
discípulos que seriam recompensados, mas talvez não nesta vida.
Pode haver ocasiões em que
seguir a JESUS traga grande popularidade. Aqueles que não viverem de acordo com
as palavras de JESUS neste sermão poderão, para própria desgraça, usar a
mensagem de DEUS somente para promover seus interesses pessoais.
JESUS começou seu sermão
com palavras que parecem contradizer-se. Mas o modo de vida de DEUS normalmente
contradiz o do mundo. Se você deseja viver para DEUS, deve estar pronto para
dizer e fazer o que parece estranho para o mundo. Deve estar disposto a dar
quando outros tomam, amar enquanto outros odeiam, ajudar quando outros abusam.
Abrindo mão de seus direitos e benefícios a fim de servir os outros, um dia
receberá tudo o que DEUS tem reservado para você.
Há pelo menos quatro
considerações sobre as bem aventuranças:
1 –
São um código de ética para os discípulos e um padrão de conduta para todos os
cristãos;
2 –
Contrastam os valores do Reino, que é eterno, com os terrenos, que são
temporários;
3 –
Contrastam a fé superficial dos fariseus com a fé real que CRISTO exige; e
4 –
Demonstram que as expectativas do AT cumprir-se-ão de novo Reino.
As bem aventuranças não nos
permite escolher aquelas que nos agradam e desprezar as demais; devem ser
consideradas como um todo, pois relacionam o que nós enfrentamos e como devemos
agir como seguidores de CRISTO.
Cada bem aventurança diz
respeito a uma bênção de DEUS. Bem aventurança significa mais do que ter
alegrias. Implica o estado afortunado daqueles que fazem parte do Reino de
DEUS.
As bem aventuranças não
prometem riso, prazer ou prosperidade terrena. Para DEUS, bem aventurado é
aquele que tem uma experiência de esperança e alegria, independentemente das
circunstâncias exteriores. Para encontrar essa forma mais profunda de
felicidade, siga JESUS a despeito do preço a pagar.
Com o anúncio de JESUS de
que o Reino estava próximo, as pessoas naturalmente se perguntaram: “qual a qualificação para entrar no Reino de
DEUS?” JESUS disse que a organização do Reino Celestial é diferente dos
reinos terrenos, pois naquele riqueza, poder e autoridade não são importantes.
Assim, os súditos do Reino dos céus agem e buscam bênçãos e benefícios
diferentes. Suas atitudes são cheias de egoísmo, orgulho e cobiça pelo poder
que há no mundo ou refletem a humildade e a abnegação de JESUS, o seu Rei?
JESUS disse para nos
regozijarmos quando formos perseguidos por causa de nossa fé. A perseguição
pode ser boa porque:
1 –
Tira os nossos olhos das recompensas terrenas;
2 –
Remove as crenças superficiais;
3 –
Fortalece a fé daqueles que a suportam; e
4 –
Nossa atitude diante dela serve como exemplo para outros.
Podemos ser confortados,
sabendo que os maiores profetas de DEUS foram perseguidos (Elias, Jeremias e
Daniel). O fato de estarmos sendo perseguidos prova que temos sido fiéis; as
pessoas infiéis passam desapercebidas. No futuro, DEUS recompensará os que
usaram de fidelidade, ao recebe-los em seu Reino Eterno, onde não haverá mais
perseguição.
Há várias teorias que
tentam explicar o sermão do monte.
Para alguns estudiosos o sermão do
monte é um 'evangelho' exclusivo do reino de Jesus. Outros compreendem que o
sermão apresenta princípios éticos e morais pertinentes ao reino do Messias.
Geralmente fazem um comparativo entre a degradação moral do gênero humano e os
princípios anunciados no sermão.
Diante das análises e de algumas
contradições, ficam as questões: O sermão do monte é um conjunto de normas e princípios
de cunho ético e moral? É um estatuto do reino de Cristo? Basta praticar o que
Jesus anunciou e o homem terá direito ao reino dos céus?
Para compreendermos a mensagem de
Jesus, é necessário observarmos alguns versículos do Antigo Testamento e a dinâmica
do aprendizado da Escritura naquela época. Dentre vários versículos destacamos:
"Bem-aventurado
tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo SENHOR, o escudo do teu
socorro, e a espada da tua majestade; por isso os teus inimigos te serão sujeitos,
e tu pisarás sobre as suas alturas" (Dt 33:29);
"Provai,
e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele confia" (Sl
65:4);
"Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti, para que
habite em teus átrios" (Sl 34:8);
"Bem-aventurado o homem cuja
força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados" (Sl 84:5).
Sobre a dinâmica do
aprendizado do povo judeu, destacamos:
Vários livros do Antigo Testamento
fazem referência à bem-aventurança. Dentre eles o livro de Provérbios e o livro
dos Salmos são os que mais fazem referências as bem-aventuranças. Estes livros
do Antigo Testamento eram lidos constantemente nas sinagogas, e mesmo aqueles
que não sabiam ler conheciam de cor algumas das citações, entre elas as que
envolviam a idéia da bem-aventurança.
É importante lembrar que naquela época
um livro era caríssimo, e o povo não tinha acesso ou não sabiam ler, o que
fortalecia a necessidade de memorizar o que era lido. Eles dependiam da leitura
no templo para ouvirem trechos da lei, dos profetas e dos cânticos. O livro de
Provérbios e os Cânticos dos Salmos auxiliavam em muito no processo de
memorização.
Outra característica dos textos que
fazem referência a bem-aventurança é a conexão com o nome do Deus de Israel. No
Antigo Testamento a idéia da bem-aventurança decorre do favor de Deus para com
os homens.
Um mestre sempre se assentava para
ensinar e Jesus assentou sobre o monte cercado pelos seus discípulos e pela
multidão. A multidão ao ver que Jesus se assentou, cercou-lhe ansiosa para
ouvir o discurso.
Jesus havia percorrido toda a Galiléia curando os enfermos, ensinando nas
sinagogas e pregando o evangelho. A notícia de suas ações percorria todas as
cidades. Uma grande multidão vinda de várias cidades o seguia (Mt 4:25).
Vendo Jesus a grande multidão subiu a um
monte e assentou-se (Mt 5:1); os seus discípulos aproximaram-se e ele passou a
ensiná-los!
Há muito tempo que o povo ouvia falar
das bem-aventuranças prometidas nas escrituras, mas a situação era de opressão
e miséria.
A fama de Jesus havia criado uma
expectativa na multidão, e quando Jesus falou sobre a bem-aventurança,
materializou-se a esperança dos ouvintes. Anos após anos os pais anunciavam aos
filhos uma época de alegria plena, mais ainda não tinham experimentado da
alegria prometida por Deus.
O sermão do monte iniciou-se com uma
mensagem de alegria a um povo oprimido e sem esperança. Jesus apresenta uma
esperança viva, porém, o discurso endurece logo em seguida. O povo esperava
refrigério e segurança nesta vida. Esperavam um Messias que os libertasse da
escravidão política.
Qual a mensagem Jesus transmitiu ao
povo no sermão do monte? Sobre que alegria Jesus falou? Que esperança foi
transmitida? A alegria prometida dependia do cumprimento de mais normas e regras?
Conheça um pouco mais sobre este
importante sermão!
"Bem-aventurados
os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus"
As pessoas ao ouvirem: "Bem-aventurados...",
logo fizeram conexão com algumas das citações bíblicas. Será que Ele comentará
um dos Provérbios? Será que ele citou Salmos? Ou a abordagem dele será extraída
da lei?
A bem-aventurança é um tema que
prendeu a atenção dos ouvintes de Jesus e em nossos dias ainda cria expectativa
nos leitores. Afinal, quem não quer ser bem-aventurado?
Quando Jesus complementa: "Bem-aventurados
OS POBRES..." a mensagem toca ainda mais os ouvintes. Esta seria uma
mensagem inesquecível, pois tocou a emoção do povo: "Será uma revolução
social? É agora que alcançaremos a hegemonia política e a paz prometida?".
A promessa de alegria aos pobres é
plenamente compreensível, mas o que entender do qualificativo adicionado ao
substantivo pobre? "Bem-aventurados os pobres de espírito...". Quem
são os pobres de espírito?
Jesus estava rodeado de pobres de
várias cidades circunvizinhas. Se a mensagem fosse somente: 'bem-aventurados os
pobres', ela seria aceita e ovacionada pela multidão! Jesus teria conquistado
os seus ouvintes e mais seguidores. Mas, como um povo que professava 'a melhor'
religião, com princípios éticos e morais intocáveis e que se consideravam
filhos de Abraão poderia aceitar ou reconhecer ser um 'pobre de
espírito'?
Como alguém observador da lei
reconheceria a condição de pobreza espiritual?
No Antigo Testamento não consta o
conceito 'pobre de espírito'. Mas, Aquele que representava uma esperança de
mudança na condição do povo, apresenta um novo conceito e uma necessidade de
reconhecer uma condição que caracteriza os pecadores ou os incircuncisos. Como
um filho de Abraão poderia reconhecer que era pobre de espírito?
Jesus completou a frase: "...porque
deles é o reino dos céus". Muitos se perguntaram: De quem é o reino dos
céus? Dos pobres de espírito?
Além do mais, o povo estava a procura
de curas, de pães, de peixes, de um reino terreno, mas Jesus estava falando de
um outro reino: do reino dos céus!
Onde fica este reino? O que é o reino
dos céus?
Para responder essas perguntas devemos
observar a mensagem que foi anunciada desde o nascimento de Cristo: "E,
naqueles dias, apareceu João batista pregando no deserto da Judéia, e dizendo:
Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus" (Mt 3:1 -2); "Desde
então começou Jesus a pregar, e a dizer: arrependei-vos, porque é chegado o
reino dos céus" (Mt 4: 17).
Verifica-se que o reino dos céus diz
da pessoa de Cristo, como profetizou Isaias e reafirmou João Batista: "Porque
este é o anunciado pelo profeta Isaias, que disse: Voz do que clama no deserto:
Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas" (Mt 3:3).
Quando Jesus disse: "Bem-aventurados
os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus", Ele não estava
denunciando a moral do povo. Ele não estava apregoando um reino humano (Jo
18:36). Também não estava em busca de uma melhoria na condição socioeconômica
do povo (Jo 12:8). Antes Jesus estava se apresentando ao povo por parábolas.
Com a sua mensagem, Jesus expôs ao
povo que Ele é o acesso ao reino dos céus, e que todos aqueles que
reconhecessem que eram pobres de espírito, estes seriam bem-aventurados.
Àqueles que reconhecessem a precária condição espiritual que se encontravam,
pertenciam o reino dos céus, que é Cristo. Eles precisavam reconhecer que eram
necessitados espiritualmente.
Enquanto queriam pão, Jesus estava
apresentado o pão vivo que desceu dos céus. Enquanto buscavam um reino, Jesus estava
lhes abrindo a porta do reino dos céus. A relutância em aceitar a condição de
necessitados espiritualmente persistiu até mesmo entre os discípulos que criam
nele: "Responderam eles (os judeus que criam nele): somos descendentes de
Abraão, e jamais fomos escravos de ninguém" (Jo 8:31-33).
Eles acreditavam estar abastados
espiritualmente por serem descendentes de Abraão. Ao se auto proclamarem como
filhos de Abraão, os judeus estavam cônscios de que eram filhos de Deus (Jo
8:41). Ser filho de Abraão para eles era o mesmo que ter a filiação divina. Por
isso João Batista disse que das pedras Deus poderia fazer filhos para si. Em
razão desta crença os judeus não admitiam que eram escravos de ninguém, uma vez
que se admitissem ser escravos, era o mesmo que admitir que alguém havia conquistado
o próprio Deus (Jo 8:33).
"Bem-aventurados
os que choram, porque eles serão consolados"
O sermão prossegue: "Bem-aventurados
OS QUE CHORAM...". A bem-aventurança depende da emoção humana? O choro
como conseqüência direta de uma emoção humana concede o favor de ser consolado?
Não! A idéia apresentada neste
versículo complementa a anterior.
O choro denota a condição de
impotência frente a questões impossíveis. Após reconhecer a condição de
miserabilidade espiritual, a reação do homem é o choro.
A única ação de um miserável é o
choro, e serão consolados!
Para que o abatido seja consolado, é
preciso que habite com alguém que lhe arranque da miséria: "Porque assim
diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto
e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para
vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos
contritos" (Is 57:15 ; Sl 51:17).
Compare:
"Bem-aventurados
os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus" (Mt 5:3).
"...como
também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos
abatidos, e para vivificar o coração dos contritos" (Is 57:15).
O salmista quando pedia perdão ao
Senhor disse: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um
espírito reto" (Sl 51:10).
Quem haveria de consolar os que
choram? Os que choram serão consolados por Aquele que tem o reino dos céus. É
Ele que enxugará todas as lágrimas!
A resposta está em Isaias: "O
espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar
boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a
proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar
o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos
os tristes" (Is 61:1-2).
"Bem-aventurados
os mansos, porque eles herdarão a terra"
A mensagem de Jesus
possivelmente formou um impasse na mente dos ouvintes: Moisés, o homem mais
manso da terra não conseguiu herdar a terra, como herdar a terra se os ouvintes
não se consideravam maiores que Moisés. "E era o homem Moisés mui manso,
mais do que todos os homens que havia sobre a terra" (Nm 12:3).
Se Moisés, considerado um dos homens
mais manso da terra, não conseguiu herdar a terra, qual a intenção de Jesus ao
declarar que os mansos são felizes?
Mas a pergunta persiste: Quem são os
mansos? Qual é a terra a se herdar?
"E os
mansos terão gozo sobre gozo no SENHOR; e os necessitados entre os homens se
alegrarão no Santo de Israel" (Is 29:19).
"Os
mansos comerão e se fartarão; louvarão ao SENHOR os que o buscam; o vosso
coração viverá eternamente" (Sl 22:26).
"Mas os
mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundancia de paz" (Sl 37:11).
À exemplo do Antigo Testamento as
bem-aventuranças decorre do Senhor de Israel, mas, como alcançar tamanha
alegria e ainda herdar a terra? E qual terra?
Jesus é a resposta: "Tomai sobre
vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e
encontrareis descanso para as vossas almas" (Mt 11:29).
"Bem-aventurados
os mansos, porque eles herdarão a terra;"
"....aprendei
de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as
vossas almas"
Observe a relação entre os dois
versículos: aqueles que se deixarem instruir por Jesus, o Mestre por
excelência, estes serão felizes por alcançar o prometido, descanso para as
almas. Estes serão bem-aventurados por alcançar o prometido: a promessa de
herdar a terra equivale ao descanso para a alma para aqueles que se deixarem
instruir.
Quando Jesus falou 'bem-aventurados os
mansos, porque eles herdarão a terra', não foi com o intuito de concitar os
ouvintes a que tivessem uma personalidade semelhante ou superior a de Moisés.
A mansidão que Jesus faz referência
não é comportamental, antes é a mansidão vinculada ao coração, ou a nova
natureza do homem. Após o homem aprender de Jesus haverá uma transformação na
natureza do homem, e estes receberão a plenitude de Cristo, e serão semelhantes
a Ele: mansos e humildes de coração (Cl 2:10).
Quando Jesus afirmou que os mansos
herdarão a terra, Ele não fez referência a elementos deste mundo, mas ao
descanso preparado por Deus. A 'terra' representa um lugar de descanso que Deus
preparou para os que aprenderem daquele que é por excelência manso de coração "Ora,
nós, os que temos crido, entramos no descanso..." (Hb 4:3-10).
A terra prometida no Antigo Testamento
estava atrelada a idéia de descanso, e no Novo Testamento a referência a terra
diz de coisas melhores: do descanso de Deus. Aqueles que aprenderem com Cristo,
estes terão descanso para as suas almas.
Aquele que encontra descanso para a
sua alma em Cristo não receberá como herança um torrão de terra, antes será
herdeiro de novos céus e nova terra "Mas nós, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça" (2Pe 3:13).
O apóstolo Pedro ao referir-se aos
mansos de coração, não fala do homem natural, mas daquele homem que não
conseguimos visualizar, aquele 'encoberto no coração', do homem regenerado, que
possui um incorruptível traje de um espírito manso e quieto "Mas o homem
encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que
é precioso diante de Deus" (1Pe 3:4).
O que é precioso diante de Deus? O que
possui valor para com Deus? Segundo o apóstolo Paulo o que tem valor, o que tem
virtude diante de Deus, é o ser uma nova Criatura: "Porque em Jesus Cristo
nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera
pelo amor" (Gl 5:6); "Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a
incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura" (Gl
6:15).
Como a fé 'vem pelo ouvir', e o 'ouvir
pela palavra de Deus', quando Jesus diz que devemos aprender dele, é porque o
seu ensino produz fé que faz os seus ouvintes alcançar uma nova vida com
direito a ser herdeiro com Cristo. Como Cristo descansou de suas obras, como
herdeiros de Deus, os de novo gerado alcançam a bem-aventurança.
Através da regeneração o homem adquire
a natureza de Cristo, ou seja, é gerado segundo Deus um novo homem em
verdadeira justiça e santidade, características pertinentes a pessoa de Cristo.
Somente através do novo nascimento o homem torna-se humilde e manso de coração.
"Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos"
Percebe-se que Jesus não
estava se referindo à justiça que é administrada nos tribunais dos homens! A
abordagem de Jesus em momento algum teve objetivos político. Jesus não estava
preocupado com os problemas atrelados as injustiças sociais. Jesus não estava promovendo
mais uma obra de caridade.
Em momento algum Jesus expôs os
princípios anunciados pela teologia da libertação em que a prática de justiça
esteja atrelada a transformações de ordem econômicas, social e políticas. Em
momento algum Jesus demonstra que a bem-aventurança dependa de transformações
sociais ou que se fundamenta nas relações sociais.
Jesus não estava promovendo
diretamente a prática da fraternidade, o equilíbrio nas relações no exercício
do poder ou incentivando a partilha de bens no intuito de equilibrar a
distribuição de riquezas.
Não! O sermão do monte trata de
questões eminentemente espirituais.
Se Jesus estivesse promovendo a
solidariedade humana como requisito para se alcançar a verdadeira alegria, ele
não teria protocolado um veemente protesto aos seus ouvintes: "Porque vos
digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo
nenhum entrareis no reino dos céus" (Mt 5:20).
Você já observou o conceito dos
fariseus e dos escribas frente a multidão? Para o povo os fariseus e os
escribas eram o que a sociedade tinha de melhor. Porém, a análise de Cristo é
diferente: "Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas
interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade" (Mt 23:28).
Os religiosos pareciam justos, mas a
natureza deles era incompatível com a divina: estavam plenos de iniqüidade.
Como seria possível as obras dos
ouvintes de Jesus alcançar uma posição maior em relação aos fariseus e
saduceus? Como entender o ter fome e sede de justiça? Onde os ouvintes de Jesus
encontrariam fartura de justiça?
Se conseguirmos responder a estas
perguntas, estaremos bem próximo de entender todos os conceitos apresentados
por Jesus no sermão do monte.
Jesus não se ocupou em estabelecer um
novo padrão de conduta para os seus ouvintes. Também não foi oferecido
felicidade e alegria com base nas emoções e motivações humanas.
A felicidade do homem neste mundo
envolve outros aspectos e não está vinculado ao que Cristo apregoou no sermão
do monte "Porque quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua
língua do mal, e os seus lábios não falem engano. Aparte-se do mal, e faça o
bem; Busque a paz, e siga-a" (1Pd 3:10-11).
Se alguém procura a felicidade deste
mundo, basta seguir o que disse o apóstolo Pedro, ao citar o (Sl 34:12-14).
Basta ter uma vida correta diante da sociedade que o homem terá uma vida
tranqüila e sossegada em muitos aspectos.
O que Jesus oferece através das
bem-aventuranças vai além das perspectivas humanas e não se refere a este
mundo. A missão de Jesus é resgatar os pobres de espírito, sem qualquer
referência aos valores humanos, personalidade, caráter, moral, etc. Todos estes
elementos sofrem transformações ao longo do tempo, e difere de sociedade para
sociedade.
Os valores de hoje são totalmente
diferentes dos valores de cem anos atrás. O caráter e a moral sofreram
transformações e se adequou a sociedade moderna. Se a salvação estivesse
apoiada nestas questões circunstanciais, qual seria o padrão correto de conduta
nestes séculos de história da igreja?
Jesus não apoiou a sua doutrina no
homem ou em seus méritos. A doutrina de Jesus não faz acepção de pessoas, de
condição social, de épocas ou de cultura. A mensagem de Jesus é a mesma para os
pobres e para os ricos. Ambos precisam reconhecer a miséria espiritual que se
encontram.
Todos os homens precisam
arrependerem-se e o primeiro passo está em reconhecer a condição de miséria
espiritual e a necessidade de socorro divino. Todos os homens estavam mortos em
delitos e pecados, sem qualquer distinção entre eles.
A próxima bem-aventurança anunciada
por Jesus encera um desejo de mudança. Diante da condição de miséria
espiritual, quando o homem reconhece a sua real condição, resta somente o
choro, e a obra a ser realizada para mudar este quadro fica na dependência de
Deus.
Aqueles que se deixam instruir por
Jesus, o manso e humilde de coração, livram-se da condição de miséria
espiritual conforme foi apregoado tempos depois "Jesus dizia, pois, aos
judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente
sereis meus discípulos. E conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará" (Jo 8:31-32).
Ainda persistem as
perguntas: Como ter fome e sede de justiça? Onde encontrar fartura de justiça?
A resposta para estas perguntas nos fará compreender melhor os conceitos
apresentados por Jesus no sermão do monte.
"Ó VÓS, todos os que tendes sede,
vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim,
vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o
dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não
pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se
deleite com a gordura. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a
vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as
firmes beneficências de Davi" (Is 55:1-3).
O paradoxo perdura: Diante de uma
multidão faminta e sedenta Jesus declara que aqueles que têm fome e sede são
felizes. As necessidades básicas dos ouvintes de Jesus eram evidentes. Porém,
Jesus não se atem a problemática social. O fato de não ser tolerante às
injustiças sociais não aproxima o homem de Deus. Promover projetos de cunho social
não é o caminho que conduz aos céus.
Em um mundo em crise social,
econômica, política, familiar, etc, as pessoas desejam mudanças urgentes e
clamam por justiça, mas esta 'fome' e 'sede' de justiça não é a que traz a
verdadeira felicidade. A mensagem do evangelho não coaduna com a teologia da
libertação.
Somente os pobres de espírito têm sede
e fome de justiça. Os 'ricos' espirituais são aqueles que se consideram justos
diante de Deus. São aqueles que se justificam por meio de suas ações diante dos
homens.
Os pobres nada têm neste mundo para
sentirem-se seguros, mas eles terão o reino dos céus. Somente os pobres de
espírito sentem fome e sede de justiça, e em Deus serão fartos. Aquele que
concede o reino dos céus é justo e justificador, e somente ele pode satisfazer
o que é exigido pela sua justiça.
O profeta Isaías há muito tempo
anunciou aos pobres que bastavam vir e comprar o melhor que se podia oferecer:
vinho e leite. Que convite! Que alegria! Os pobres foram convidados a terem o
que as suas posses não podiam arrematar.
Porém, o profeta protesta: "Porque
gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o produto do vosso trabalho naquilo
que não pode satisfazer?" (Is 55:2). A quem o profeta se referia? Aqueles
que consideravam não ter sede e fome! Aqueles que consideravam ter trabalhado o
bastante para satisfazer as suas necessidades. Estes trabalharam em vão.
Os pretensos ricos estavam gastando
naquilo que não podia satisfazer a necessidade essencial do homem.
Mas, de que maneira os pobres de
espírito podem saciar a fome e a sede? A resposta é bem simples: "Ouvi-me
atentamente... Inclinai os vossos ouvidos...". Simples assim ser abastado
de justiça? É isso que o profeta Isaías disse: Todos que ouvirem atentamente a
palavra de Deus, estes comerão o que é bom, o melhor! O que pode fazer deleitar
a alma.
Qual é o deleite da alma? O que a
palavra de Deus pode suprir? "Ouvi, e a vossa alma viverá". Se o
homem tem sede e fome de justiça, ela será saciada a partir do momento que se
obter da vida que há em Deus. Só após tornar participante da natureza divina o
homem estará abastado de justiça.
Não é o trabalho do homem que satisfaz
a necessidade da alma. Não é doações, não é pratos de sopas, não é reconhecendo
os erros do dia-a-dia, não é fazendo sacrifícios que o homem irá satisfazer a
necessidade primária da criatura de Deus.
O que satisfaz a necessidade dos
homens é o fruto do trabalho de Deus: "Ele verá o fruto do trabalho da sua
alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo,
justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si" (Is
51:11).
O fruto do trabalho do servo do Senhor
se resume em conhecimento. Conhecimento é transmitido através da palavra! O
trabalho do Senhor é realizado por meio da sua palavra, e todos que participarem
do fruto oferecido terão nova vida.
Após aprender daquele que é humilde e
manso de coração "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou
manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas"
(Mt 11:29), o homem encontrará descanso e o verdadeiro alimento para a alma.
Cristo não estava preocupado com a
miséria socioeconômica do povo. A falta de moradia não era a causa ou a
bandeira do evangelho. O evangelho social não estava em voga no discurso do
Messias.
Cristo levou a iniqüidade de todos
nós, mas é o conhecimento transmitido por Ele que nos justifica. Ou seja,
quando Paulo diz que a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus, nada
mais é do que aprendermos com Aquele que é manso e humilde de coração.
Através do conhecimento adquirido vem
a fé, e por meio da fé podemos agradar a Deus. Após adquirir vida através da
palavra de Deus, adquirimos um espírito manso, somos justificados, ou seja,
declarados justos diante de Deus.
Não é o caráter do homem que é
transformado. O homem não recebe uma moral 'nova' ao adquirir o conhecimento do
Santo. Antes, o homem tem o seu ser criado novamente em verdadeira justiça e
santidade (Ef 4:24), e a sua alma alcança descanso no Bom Pastor.
Aqueles que entram por Cristo haverão
de entrar, sair e achar pastagem. Estes estão de posse do descanso prometido
por Deus (Jo 10:9 ; Sl 23).
Através do evangelho de Cristo o homem
descobre a justiça de Deus (Rm 1:17). Ao se alimentar das promessas contidas no
evangelho, o homem alcança maravilhosa fé que provem de Deus e passa a ter vida
dentre os mortos.
O ladrão na cruz foi justificado ao
refugiar-se em Cristo após reconhecer a sua miséria. Ele não tentou agarrar-se
a vida aqui, mas implorou pela futura ( Mt 10:39 ). Talvez aquele homem nunca
desejasse a justiça dos homens. Talvez ele sempre fosse um excluído da
sociedade. Mas, um único encontro com a justiça de Deus revelada aos homens foi
o suficiente para que um pobre de espírito obtivesse a vida eterna.
Jesus continuou a falar da necessidade
em se ter fome e sede de justiça em contraste com a situação dos fariseus e
saduceus "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos
escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus" (Mt 5:20).
Somente aqueles que se alimentam da
palavra de Deus têm em si a justiça maior, que ultrapassa em muito a dos
fariseus. Basta o homem reconhecer a sua pobreza espiritual que Deus não negará
o alimento necessário que produz nova vida "Porque, assim como desce a
chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem
produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a
minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes
fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei" (Is 55:10-11).
Para os homens, os fariseus e os
escribas representavam o que a sociedade tinha de melhor, mas a análise de
Cristo é diferente: "Assim também vós exteriormente pareceis justos aos
homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade" (Mt
23:28).
Só em Cristo é possível obter a
justiça que vem de Deus. Após ser justificado por meio de Cristo o homem obtém
o direito de entrar no reino dos céus.
"Bem-aventurados
os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia"
Por que os misericordiosos alcançarão
misericórdia? É uma das qualidades que devemos ter? Jesus estava incentivando o
perdão entre os seus ouvintes? Se não demonstramos misericórdia aos nossos
semelhantes não obteremos da misericórdia de Deus?
A misericórdia aqui prometida não
refere-se a misericórdia que devemos oferecer aos nossos semelhantes. Ser
compassivo com o próximo não habilita ninguém a receber a misericórdia divina.
A experiência demonstra que ao sermos cordiais com os nossos semelhantes
teremos uma vida melhor nesta terra, mas isto não significa que obteremos
misericórdia de Deus porque exercermos misericórdia.
Só é bem-aventurado aquele que alcança
a misericórdia divina, pois toda bem-aventurança advém de Deus. Porém, tal
bem-aventurança não esta condicionada ao comportamento humano.
Daí surge à questão: Como ser
misericordioso para alcançar misericórdia? Se com Deus não barganha?
O que Jesus ensinou não se compara aos
ensinamentos budistas, espiritualistas, etc. Jesus não falou na reciprocidade
necessária ao tratamento humano. Ele não se ocupa em tratar de questões
comportamentais como o fazem as várias religiões pelo mundo.
Jesus está tratando desde o início do
sermão de questões exclusivamente espirituais e este versículo não é exceção:
Observe este salmo: "Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e
cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não imputa
maldade, e em cujo espírito não há engano" (Sl 32:1-2).
Ser misericordioso é condição que
decorre do novo nascimento, onde o justificado passa a ser semelhante a Cristo.
Tal semelhança não se manifesta na conduta, mas decorre da nova natureza.
Todo aquele que é instruído por Jesus
passa a ser manso e humilde de coração; aquele que se alimenta dos ensinos de
Cristo passam a ser fartos de Justiça, pois são criados em verdadeira justiça e
santidade; aqueles que recebem de Deus misericórdia, passam a condição de
misericordiosos.
A misericórdia de Deus é demonstrada
em perdão. Deus não imputa maldade àqueles que são alvos de sua misericórdia.
Como? O salmista responde:
"Bem-aventurado
aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto"
Quem é bem-aventurado? A
resposta é aquele! Aquele quem? O transgressor, o pecador! Se o transgressor, o
pecador, é quem recebe a dádiva de Deus, percebe-se que o salmista fala do
velho homem. O homem precisa de perdão, mas para isso a velha natureza precisa
ser coberta na morte com Cristo.
O transgressor é alvo do perdão divino
desde que seja satisfeita uma condição da retidão e da justiça divina: a alma
que pecar, esta morrerá! Ou seja, se você é pecador só cessará do pecado após
morrer com Cristo. Este é o novo e vivo caminho que nos foi aberto pelo corpo
de Cristo.
O versículo citado acima aponta para o
homem não regenerado.
"Bem-aventurado
o homem a quem o SENHOR não imputa maldade, e em cujo espírito não há
engano"
O homem cuja transgressão
é perdoada, após receber o perdão, estará na condição apresentada neste verso:
O Senhor não lhe imputará maldade, e em seu espírito não haverá engano, visto
que foi de novo criado, segundo Deus, em verdadeira justiça e santidade.
Estes dois versículos apontam duas
situações distintas de um mesmo homem. Bem-aventurado é o homem:
a) cujo pecado é coberto, e;
b) cujo espírito não há engano. Este é
o novo homem e aquele o velho homem.
O novo homem gerado em Cristo não tem
maldade a ser imputada. Se tivesse, é certo que seria imputada, pois Deus não
tem o culpado por inocente. Só o novo homem não possui engano ou falsidade em
sua natureza.
Quando o apóstolo Paulo recomenda aos
cristãos serem misericordiosos, ele está abordando questões comportamentais
pertinentes aos cristãos, mas o tema não é o mesmo apresentado por Jesus "Antes
sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos
outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Ef 4:32).
Agora, quando Cristo diz: "Sede,
pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso" (Lc 6:36),
ele está falando do mesmo tema apresentado na bem-aventurança. O homem é
bem-aventurado quando alcança a filiação divina. As condições necessárias
para que o homem seja verdadeiramente misericordioso só é possível àquele que
Deus recebe por filho.
Observe o que Jesus ensinou: "E,
levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os
pobres, porque vosso é o reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes
fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque
haveis de rir. Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem e quando vos
separarem, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do
Filho do homem. Folgai nesse dia, exultai; porque eis que é grande o vosso
galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas";
Porém aos abastados espiritualmente
diz: "Mas ai de vós, ricos! porque já tendes a vossa consolação. Ai
de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora
rides, porque vos lamentareis e chorareis. Ai de vós quando todos os homens de
vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos
profetas";
E Jesus passa a alertar os seus
ouvintes:
"Mas a vós, que isto ouvis, digo:
Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam; Bendizei os que vos
maldizem, e orai pelos que vos caluniam. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe
também a outra; e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses; E dá a
qualquer que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir. E
como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós,
também";
Observe que é impossível ao homem
alcançar o padrão de comportamento descrito acima, mas é plenamente possível a
qualquer homem o comportamento descrito abaixo?
"E se amardes aos que vos amam,
que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos que os amam. E se fizerdes
bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os pecadores fazem o
mesmo. E se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que
recompensa tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a
receber outro tanto";
Jesus recomenda um novo padrão de
comportamento aos seus ouvintes?: "Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei
bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis
filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus. Sede,
pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e
não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e
soltar-vos-ão. Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e
transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que
medirdes também vos medirão de novo";
A nova forma de comportamento
demonstra que o homem está de posse da filiação divina. As questões
comportamentais não levam o homem a alcançar a filiação divina, mas quando se
alcança a filiação por meio de Cristo, o homem terá em si as condições
necessárias para ter um comportamento a altura de sua nova condição.
Quando Jesus disse: "Sede,
pois, misericordiosos..." o que realmente ele recomendou? A resposta
encontra-se na parábola: "E dizia-lhes uma parábola: Pode porventura o
cego guiar o cego? Não cairão ambos na cova? O discípulo não é superior a seu
mestre, mas todo o que for perfeito será como o seu mestre. E por que atentas
tu no argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está
no teu próprio olho? Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o
argueiro que está no teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu
olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para
tirar o argueiro que está no olho de teu irmão";
Jesus recrimina os lideres religiosos
judeus: eles eram cegos guiando uma multidão de cegos. Qualquer um que
aprendesse com um fariseu, o máximo que alcançaria era ser um fariseu.
A perfeição que alguém poderia
alcançar aprendendo de um fariseu seria: "... exteriormente pareceis
justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de
iniqüidade" (Mt 23:28).
"Porque não há boa árvore que dê
mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto. Porque cada árvore se conhece pelo
seu próprio fruto; pois não se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam
uvas dos abrolhos. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o
homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do
seu coração fala a boca"
Por meio de parábolas Jesus evidência
um princípio pertinente ao evangelho: só é possível um homem produzir o bem a
partir do momento que ele estiver ligado a oliveira, que é Cristo.
Aquele que não está em Cristo obrará o
mal sempre, e aquele que em Cristo estiver produzirá segundo a espécie da sua
boa árvore, o bem. A transformação que se opera na natureza transbordará além
do coração. O homem poderá tirar o bem do bom depósito.
"E por que me chamais, Senhor,
Senhor, e não fazeis o que eu digo? Qualquer que vem a mim e ouve as minhas
palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante: É semelhante ao
homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pós os alicerces
sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e
não a pode abalar, porque estava fundada sobre a rocha. Mas o que ouve e não
pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces,
na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela
casa".
Toda obra que o homem edifica se não
estiver alicerçada em Cristo, nada representa para Deus. O exemplo da árvore e
da casa alicerçada versa sobre os mesmos princípios.
"Bem-aventurados
os limpos de coração, porque eles verão a Deus"
Observe que após a segunda
bem-aventurança ocorreu uma mudança sutil na composição do texto. No início do
sermão Jesus destaca a necessidade daqueles que são bem-aventurados: pobres e
que choram. Ele destacou a necessidade e o que alcançaram: o reino dos céus e o
serem conciliados.
Deste ponto em diante Jesus passou a
destacar a nova condição daqueles que já haviam alcançado o reino dos céus e
estavam consolados. Jesus passa a descrever os bem-aventurados como mansos,
misericordiosos, puros de coração, pacificadores, etc.
Só é possível ver a Deus quando se
está limpo de coração, e a palavra de Deus tem esta função, remover todas as
impurezas. Por meio da palavra do evangelho os discípulos estavam limpos. De
igual forma, todos quantos ouvirem do evangelho e crerem em Cristo também estão
limpos: "Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado" (Jo
15:3).
Quem são os limpos de coração? Como
alcançar esta condição?
Os limpos de coração são aqueles que
ouviram e aprenderam de Cristo, que é manso e humilde de coração. Os limpos de
coração são aqueles que alcançaram a condição de filhos de Deus, uma vez que
morreram com Cristo e ressuscitaram com Ele uma nova criatura.
O novo homem é criado através do poder
de Deus que o evangelho contém, e por meio desta nova criação o homem passa a
ter um novo espírito e um novo coração, limpo de impurezas (Rm 1:16; Jo 1:12-13).
Estes são os Regenerados.
Alguém pode questionar: Como é
possível ver a Deus? João responde: "Deus nunca foi visto por alguém. O
Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou" (Jo 1:18).
Aqueles que são instruídos por Cristo
verão a Deus, pois estão completamente lavados peal palavra do evangelho.
"Bem-aventurados
os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus"
Jesus dá outro título aos
bem-aventurados: pacificadores!
Quem são, e o que é ser um
pacificador? Seriam aqueles que repudiam a guerra? Não!
Os pacificadores são aqueles que levam
as boas novas de paz. Àqueles que anunciam que Deus está em Cristo reconciliando
consigo mesmo o mundo! Estes são os pacificadores "Isto é, Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pós
em nós a palavra da reconciliação" (2Co 5:19).
Aqueles que cumprem o ide de Jesus,
estes são os pacificadores. Jesus, o Filho de Deus foi enviado ao mundo para
proclamar a palavra da verdade: "O Espírito do Senhor DEUS está sobre mim;
porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a
restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a
abertura de prisão aos presos" (Is 61:1).
Todos quantos recebem a mensagem do
evangelho também são comissionados a levar as boas novas de salvação. Além da
incumbência maravilhosa de anunciar o evangelho o Cristão é agraciado com a
filiação divina.
Somente os filhos de Deus, os de novo
nascido, podem levar a semente da palavra da verdade. Isto porque eles são
nascidos da semente incorruptível, e o que anunciam, o fruto dos lábios, contém
a semente incorruptível.
"Bem-aventurados
os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos
céus"
A missão dos pacificadores
não é fácil. Eles sofrerão perseguições, mas o reino dos céus pertence a eles.
A perseguição é por causa da justiça
de Deus expressa no evangelho. Os bem-aventurados não serão perseguidos por
questões humanas, mas por causa da mensagem de Cristo, que é a justiça de Deus
aos homens "Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o
testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus
Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença" (Rm
3:21).
O motivo da perseguição dos
pacificadores é por causa de Cristo, a justiça de Deus aos homens.
"Bem-aventurados sois vós, quando
vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por
minha causa"
Jesus para de falar das
bem-aventuranças ao apontar para os seus discípulos.
Os discípulos deveriam entender que
eram bem-aventurados quando sofressem injurias e perseguições. É uma alegria ser
participante das aflições de Cristo.
Através das bem-aventuranças Jesus
estava se apresentando ao povo, visto que todas elas fluem de Cristo. Em Cristo
está estabelecida a alegria dos povos e das nações.
Mesmo quando perseguido e injuriado o
bem-aventurado é bem-aventurado: a felicidade transcende desta vida para a
eterna. Estevão se alegrou ao ver a face do Senhor!
Não são as perseguições ou as agruras
desta vida que tornam um homem bem-aventurado. Problemas fazem parte do
cotidiano. A bem-aventurança decorre do evangelho de Cristo, pois Cristo é que
concede aos homens a condição de alegria em Deus.
Após anunciar as beatitudes, Jesus
demonstrou que somente os seus seguidores alcançam a verdadeira felicidade "Bem-aventurado
sois vós..." (Mt 5:11).
A verdadeira alegria pertence aqueles
que, por causa de Cristo, haveriam de ser perseguidos e injuriados "Ora,
todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos"
(1Tm 3:12).
Todos quantos estiverem em Cristo
serão perseguidos, mas, além de estarem de posse das bem-aventuranças, deveriam
exultar por causa do galardão guardado nos céus. Que privilegio e que alegria!
Ser perseguido como foram perseguidos os profetas do passado e ainda ter
direito a um grande galardão guardado nos céus (v. 12)!
Cristo declara que os seus seguidores,
além de serem bem-aventurados e de possuírem galardões guardados nos céus,
também são o sal da terra.
Em que aspecto os seguidores de Jesus
são o sal da terra? Os seguidores de Cristo conservam o padrão das sãs palavras
do evangelho. Mediante a ação do Espírito Santo os cristãos guardam-na em bom
depósito (2Tm 1:13).
A palavra de Deus é alimento que dá
vida aos homens, e os seguidores de Cristo também desempenham a função do sal:
torna agradável ao paladar (ouvidos) o alimento (evangelho).
O cristão quando anuncia o evangelho
não está fazendo a 'obra' de Deus, como alguns pensam realizar.
A obra de Deus é a de conceder vida, e
vida em abundância, e homem algum realizará está obra, que é exclusiva de Deus "Por
isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o
crescimento" (1Co 3:7).
Não foi dado aos seguidores de Cristo
fazer a obra que é realizável somente por Deus "Que faremos para
executarmos as obras de Deus?" (Jo 6:28).
Os seguidores de Cristo podem se
oferecer como libação sobre o sacrifício, mas nunca realizarão a obra de Deus "E,
ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé,
folgo e me regozijo com todos vós" (Fl 2:17).
Os bem-aventurados são sal por ter a
função de dar sabor agradável, o que torna agradável aos homens a mensagem do
evangelho.
O apóstolo Paulo preocupou-se muito
com estes aspectos ao pedir que orassem por ele "Orai também juntamente
por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do
ministério de Cristo, pelo qual estou preso. Orai para que o manifeste como
devo fazer" (Cl 4:3-4).
Os cristãos devem andar em sabedoria
para os que estão de fora, aproveitando bem cada oportunidade para proclamar o
evangelho. Para isso a palavra do Cristão deve ser temperada com sal! Qual
palavra deve ser temperada? A palavra (mensagem) do evangelho.
O andar do cristão, ou a resposta
conveniente são elementos que 'temperam' a palavra do evangelho aos que são de
fora.
O apóstolo Pedro faz referência aos
bem-aventurados e a perseguição em decorrência do evangelho: "Mas
alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que
também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se pelo nome de
Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o
Espírito da glória e de Deus; quanto a eles, é ele, sim, blasfemado, mas quanto
a vós, é glorificado. Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou
malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; Mas, se padece como
cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte" (1Pe 4:13-16).
Caso o cristão não desempenhe a função
do sal, com que se há de salgar? Todos quantos se dizem seguidores de Cristo
devem estar cônscios de sua condição. Se o cristão não desempenhar o papel para
qual foi comissionado, resta ser lançado fora e servirá de pasto aos homens.
O cristão deve ter muito cuidado para
não confundir: 'ser pisado pelos homens' e o 'ser bem-aventurado por sofrer
perseguições'. Quando os cristãos são perseguidos por causa do evangelho é
bem-aventurado, mas, haverá aqueles que padecem por se intrometer em negócios
alheios, etc.
O Cristão é a luz do mundo, pois é
filho da Luz "Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais
filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se
deles" (Jo 12:36). Os discípulos eram luz no Senhor, visto que, creram em
Cristo.
Sendo luz no mundo, isto indica que,
tal qual Jesus é, os discípulos o eram neste mundo "... porque, qual ele
é, somos nós também neste mundo" (1Jo 4:17).
A função dos seguidores de Cristo é a
de conceder luz ao mundo (casa) que está em trevas.
Os seguidores de Jesus tornam-se luz,
por serem nascidos da Luz (regeneração). Agora, na condição de filhos da luz,
os nascidos de novo devem comportar-se como filhos "Porque noutro tempo
éreis trevas, mas agora sois luz no SENHOR; andai como filhos da luz" (Ef
5:8).
Quem é nascido de novo deve
comportar-se de modo digno da vocação para qual foi chamado, ou seja, não deve
portar-se como andam os outros gentios (Ef 4:1 e 17).
Amém!!!
Quer
convidar o Pr. JACIR para ministrar
em sua igreja, em seus eventos, fazer um aconselhamento, somente conversar
sobre: namoro, noivado, casamento, família, filhos, educação, administração das
finanças...
Nossos contatos:
Pr. JACIR AILTON DA SILVEIRA – Teólogo
Comunidade Cristã de Umuarama
Membro do CFP – Conselho Federal de Pastores
desde 07/2010, sob nº C-1280
Nossos contatos:
e-mail: prjacirailtonsilveira@gmail.com
Telefone: 0xx44 99900-9947
MATEUS 10·8 – “Curai
os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios;
de graça recebestes, de graça dai”.