A Cura das Feridas Emocionais
Pr. JACIR AILTON DA SILVEIRA – CFP
– C-1280
1. Introdução
2. O Que é a Cura Interior
3. A Nova Criação
4. Santos de Coração Tortuoso
2. O Que é a Cura Interior
3. A Nova Criação
4. Santos de Coração Tortuoso
1. Introdução
1ª
Coríntios 12
7 – A cada um, porém, é dada a
manifestação do Espírito para o proveito comum.
8 – Porque a um, pelo Espírito, é
dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da
ciência;
9 – a outro, pelo mesmo Espírito,
a fé; a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10 – a outro a operação de
milagres; a outro a profecia; a outro o dom de discernir espíritos; a outro a
variedade de línguas; e a outro a interpretação de línguas.
11 – Mas um só e o mesmo Espírito
opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer.
Você já
parou para pensar por que o apóstolo Paulo fala de "dons de curar", no plural, e não do "dom de curar"?
Alguns
interpretam essa pluralidade afirmando que os dons de curar seriam habilidades
para curar enfermidades específicas.
Por exemplo: a uma
pessoa Deus daria o dom de orar pelos cancerosos, e vê-los sendo sarados. A
outra Deus concederia a habilidade de ministrar cura aos alérgicos, a outro o
dom de tirar dores, e assim por diante.
Esta
explicação parece aceitável, mas não se apóia nos escritos sagrados.
No livro
de Atos, não lemos em lugar algum este tipo de atuação por parte dos apóstolos
e demais servos de Deus. Ele não concedia o poder para curar esta ou aquela
doença, mas uma habilidade única, utilizada na cura de todos os males:
Atos 5.15,16
15 a ponto de transportarem os
enfermos para as ruas, e os porem em leitos e macas, para que ao passar Pedro,
ao menos sua sombra cobrisse alguns deles.
16 Também
das cidades circunvizinhas afluía muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos
e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados.
Atos 19.11,12
11 E Deus pelas mãos de Paulo fazia
milagres extraordinários,
12 de sorte
que lenços e aventais eram levados do seu corpo aos enfermos, e as doenças os
deixavam e saíam deles os espíritos malignos.
Atos 28.8,9
8 Aconteceu estar de cama, enfermo
de febre e disenteria, o pai de Públio; Paulo foi visitá-lo, e havendo orado,
impôs-lhe as mãos, e o curou.
9 Feito
isto, vinham também os demais enfermos da ilha, e eram curados;
Atentando
a descrição que o Senhor Jesus deu acerca de seu ministério, podemos entender
quais são os dons de curar:
Lucas 4.18,19
18 O Espírito do Senhor está sobre
mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para
proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em
liberdade os oprimidos,
19 e para
proclamar o ano aceitável do Senhor.
Nestes
versículos lemos que havia dois tipos de cura praticados pelo Messias:
1.
A
cura dos "quebrantados de coração" – vs. 18; e
2.
A
"restauração da vista aos cegos" – vs. 19.
Uma
referência resumida dos milagres de cura física, efetuados por ele. Dessa
forma, os dons de curar são o poder de ministrar, no poder do Espírito Santo, a
restituição da parte física e emocional, àqueles a quem assim Deus quiser.
Algumas
igrejas têm se utilizado de técnicas humanas, que fogem do campo de atuação do
Corpo de Cristo, como a regressão da pessoa até o útero, em que a mente do
indivíduo é "rebobinada"
ao instante de sua formação no ventre materno, além da hipnose, em que a pessoa
é posta em transe induzido com o fim de rememorar seus traumas.
A cura
emocional que Deus praticou e pratica não têm ligação alguma com tais práticas.
Neste texto estaremos analisando apenas os aspectos bíblicos, sem preocupar-nos
com experiências ou metodologias que busquem apoio no verdadeiro ensino da cura
interior.
2. O Que é a Cura Interior
O Salmo
147.3 nos traz uma singela declaração acerca do operar de Deus no ser humano:
"Sara os
quebrantados de coração, e lhes ata as suas feridas."
Segundo a
Palavra de Deus, nós somos um ser único, constituído por três partes: espírito,
alma e corpo:
Hebreus 4
12 Porque a
palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois
gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é
apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.
1ª Tessalonicenses 5
23 E o
próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e
corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo.
Assim como
há doenças que afetam o corpo, nossa casa terrestre.
Jó 4
18 Eis que Deus não confia nos seus
servos, e até a seus anjos atribui loucura;
19 quanto mais aos que habitam em
casas de lodo, cujo fundamento está no pó, e que são esmagados pela traça!
2ª Coríntios 5
1 Porque sabemos que, se a nossa
casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma
casa não feita por mãos, eterna, nos céus.
2 Pois neste tabernáculo nós
gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação que é do céu,
3 se é
que, estando vestidos, não formos achados nus.
2ª Pedro 1
13 E tendo por justo, enquanto
ainda estou neste tabernáculo, despertar-vos com admoestações,
14 sabendo
que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, assim como nosso Senhor
Jesus Cristo já mo revelou.
Há feridas
que podem ser abertas em nossa alma, isto é, nossa memória, emoções e mente.
Nosso comportamento e forma de sentir são marcados por situações que passamos
na vida natural, e que deixaram suas marcas, tais como: medos, mágoas,
ressentimentos e rancor.
Quando
recebemos a Jesus Cristo, entrando em seu Corpo espiritual, a Igreja, nós
trazemos essas feridas conosco, as quais, muitas vezes, se tornam parte de
nossa vida. Agora que Deus se tornou nosso Senhor e Pai, Ele pode fechar as
chagas do coração para que O sirvamos perfeitamente.
Por
diversas vezes, os profetas descreveram essa restauração interior concedida por
Javé, quando o povo de Israel fosse abençoado material e espiritualmente. Após
profetizar a vinda e o ministério do Messias, Isaías declarou:
Isaías 61
3 a
ordenar acerca dos que choram em Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de
cinzas, óleo de gozo em vez de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito
angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor,
para que ele seja glorificado.
3. A Nova Criação
Há crentes sinceros que levantam
uma objeção ao ensino da cura interior: "Porquê
um regenerado precisaria passar por uma experiência de cura posterior à
conversão se, conforme a Bíblia Sagrada, se alguém está em Cristo, é nova
criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas?” – 2ª Coríntios
5:17
Esse
argumento não procede.
Primeiramente,
convém reparar que os filhos da nova aliança não recebem qualquer direito de
serem curados pelo fato de haverem aceitado a Jesus como Senhor. A cura que
recebemos na cruz foi a de nossas feridas espirituais, e não a das doenças
físicas e/ou emocionais.
Se a cruz
fosse a provisão para nossas enfermidades, como o é para nossos pecados, a
forma de receber a cura divina seria a mesma que para obter expiação de
pecados: arrependimento e fé em Cristo.
Acontece
que, quando alguém se converte a Deus, normalmente seus problemas físicos
continuam acompanhando-o, não obstante o Pai já haver perdoado-o por completo.
Se o indivíduo recebe fé para ser salvo, porque não é curado também? Seria a
cura divina mais difícil de receber que a salvação eterna?
O pecado é
visto na Bíblia como uma doença crônica, que afeta todo o homem,
Isaías 1
4 Ah, nação pecadora, povo
carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos que praticam a
corrupção! Deixaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, voltaram para
trás.
5 Por que seríeis ainda
castigados, que persistis na rebeldia? Toda a cabeça está enferma e todo o
coração fraco.
6 Desde a
planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã; há só feridas, contusões e
chagas vivas; não foram espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo.
Foi desta
doença que o Senhor nos curou com sua morte vicária.
1ª Pedro 2
21 Porque para isso fostes
chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para
que sigais as suas pisadas.
22 Ele não cometeu pecado, nem na
sua boca se achou engano;
23 sendo injuriado, não injuriava,
e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente;
24 levando ele mesmo os nossos
pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que mortos para os pecados,
pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.
25 Porque
éreis desgarrados, como ovelhas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das
vossas almas.
Os autores
dos evangelhos sempre recitavam as profecias ao vê-las cumpridas na vida do
Senhor. É verdade que nem todas as profecias foram aplicadas por eles no
momento de seu cumprimento, contudo eles jamais citavam-nas em eventos menores,
de pouca importância, em detrimento de seu verdadeiro cumprimento maior.
Se Jesus tomou as nossas
enfermidades na cruz do Calvário, por que nenhum evangelista prescreveu a
profecia de:
Isaías
53 – “4
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as
nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. 5 Mas ele foi ferido por causa das
nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo
que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. como sendo cumprida ali?
A resposta
é óbvia: Cristo carregou as doenças do povo israelita quando gastava tempo para
atentar suas dores e curar suas enfermidades.
Mateus 8
16 Caída a tarde, trouxeram-lhe
muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra expulsou os espíritos, e curou
todos os enfermos;
17 para que
se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: Ele tomou sobre si as nossas
enfermidades, e levou as nossas doenças.
No livro
de Hebreus, o autor faz uma comparação pormenorizada entre os rituais
simbólicos da lei e a realidade dos elementos da graça, experimentados pelos
cristãos. Em todas as instâncias, ele apresenta a superioridade de Jesus Cristo
como Mediador, Sumo-Sacerdote e Filho de Deus, maior que os anjos.
Hebreus 1
1 Havendo Deus antigamente falado
muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,
2 nestes últimos dias a nós nos
falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez
também o mundo;
9 Amaste a justiça e odiaste a
iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do
que a teus companheiros;
Moisés
Hebreus 3
1 Pelo que, santos irmãos, participantes
da vocação celestial, considerai o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa
confissão, Jesus,
2 como ele foi fiel ao que o
constituiu, assim como também o foi Moisés em toda a casa de Deus.
3 Pois ele é tido por digno de
tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele
que a edificou.
4 Porque toda casa é edificada por
alguém, mas quem edificou todas as coisas é Deus.
5 Moisés, na verdade, foi fiel em
toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de
anunciar;
6 mas Cristo o é como Filho sobre
a casa de Deus; a qual casa somos nós, se tão-somente conservarmos firmes até o
fim a nossa confiança e a glória da esperança.
E os
sacerdotes levitas
Hebreus 5
1 Porque todo sumo sacerdote
tomado dentre os homens é constituído a favor dos homens nas coisas
concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados,
2 podendo ele compadecer-se
devidamente dos ignorantes e errados, porquanto também ele mesmo está rodeado
de fraqueza.
3 E por esta razão deve ele, tanto
pelo povo como também por si mesmo, oferecer sacrifício pelos pecados.
4 Ora, ninguém toma para si esta
honra, senão quando é chamado por Deus, como o foi Arão.
5 assim também Cristo não se
glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele
que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei;
6 como também em outro lugar diz:
Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
7 O qual nos dias da sua carne,
tendo oferecido, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que podia
livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua reverência,
8 ainda que era Filho, aprendeu a
obediência por meio daquilo que sofreu;
9 e, tendo sido aperfeiçoado, veio
a ser autor de eterna salvação para todos os que lhe obedecem,
10 sendo
por Deus chamado sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.
Se o
Messias houvesse levado as enfermidades físicas dos pecadores sobre o madeiro,
com certeza esse seria um fato de grande importância, podendo ser recitado como
prova da superioridade do novo acordo sobre o antigo: antes de Cristo, a cura
divina teria sido a promessa de uma bênção futura para os que obedecessem a
Torá, enquanto que, após sua morte e ressurreição, a cura seria a declaração a
respeito de uma verdade presente sobre todos os que crêem.
Acontece
que em parte alguma da Carta aos Hebreus, encontramos algo parecido com tal
comparação, o que seria estranho se a provisão de cura física fosse uma parte
importante da obra do Calvário.
E o
restante do Novo Testamento também silencia sobre esta questão. As referências
de Mateus e Pedro são as únicas existentes nos escritos da nova aliança,
atestando o pleno cumprimento da predição de Isaías: a natural e a espiritual.
Assim,
podemos interpretar a passagem de Isaías 53.4,5 de duas formas: como uma
referência ao ministério de Jesus, no qual ele "carregava" as enfermidades do povo, curando-o – Mateus
8.16,17; e como uma referência ao ato de carregar nossos pecados em seu corpo,
provendo-nos cura espiritual do pecado – 1ª Pedro 2.21-25.
Não há
motivos para estendê-la para além disso, forçando a aplicação natural para os
membros da Igreja.
Por isso,
devemos ter em mente que a cura interior não é um elemento do Evangelho, pois
este "é o poder de Deus para a
salvação [e não para a cura] de todo aquele que crê" – Romanos 1.16.
Além
disso, a nova criação, da qual já fazemos parte ao entrar no Reino de Deus, é
espiritual, e não física ou psicológica.
A descrição de 2ª Coríntios
5.17 – “Pelo que,
se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis
que tudo se fez novo”. Fala da
mudança que experimentamos em Jesus: de fracos pecadores, inimigos de Deus, a
salvos justificados, amigos Dele – Romanos 5 – “6 Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos
ímpios. 7 Porque dificilmente
haverá quem morra por um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém
ouse morrer. 8 Mas Deus dá prova
do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu
por nós. 9 Logo muito mais,
sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. 10 Porque se nós, quando éramos
inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais,
estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida”.
De miseráveis condenados a
absolvidos de qualquer condenação – Romanos 7.24 e 8.2 – “24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? 2 Porque a lei do Espírito da vida, em
Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte”.
De mortos em delitos e
transgressões a ressuscitados com Cristo – Efésios 2.1,5 – “1 Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, 5 estando nós ainda mortos em nossos
delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)”.
De guiados pelos espíritos
maus a assentados com Cristo nas regiões celestes – Efésios 2.2,6 – “2 nos quais outrora andastes,
segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do
espírito que agora opera nos filhos de desobediência, 6 e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar
nas regiões celestes em Cristo Jesus”.
Assim, reivindicar nossa posição de
filhos de Deus para negar que uma experiência de cura interior, pós-conversão,
seja antibíblica, é tão razoável quanto dizer que um verdadeiro crente passa
por um rejuvenescimento de aparência física ao conhecer a Deus.
4. Santos de Coração Tortuoso
Agora,
vamos para os fundamentos bíblicos, mostrando que um coração convertido a Deus,
purificado do pecado, pode continuar portando as velhas marcas emocionais,
necessitando do toque curador de Deus:
Atos 8
20 Mas disse-lhe Pedro: Vá tua
prata contigo à perdição, pois cuidaste adquirir com dinheiro o dom de Deus.
21 Tu não tens parte nem sorte
neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus.
22 Arrepende-te, pois, dessa tua
maldade, e roga ao Senhor para que porventura te seja perdoado o pensamento do
teu coração;
23 pois vejo que estás em fel de
amargura, e em laços de iniqüidade.
Este
trecho traz a dura repreensão dada por Pedro a Simão, um ex-feiticeiro
convertido ao Evangelho pela pregação do diácono Filipe. Note bem o versículo
13, que afirma: "E creu até o
próprio Simão; e sendo batizado..." Creu em quê? O versículo 12 diz:
"Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava
acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens
como mulheres."
Simão,
portanto, havia crido no Senhor Jesus e batizando-se, confirmando sua
conversão. Não há motivo para declarar que ele era um falso cristão. O problema
de Simão está exposto nos vs. 14-19: quando os apóstolos souberam que havia
cristãos em Samaria, eles foram até a cidade orar para que o Espírito Santo
descesse sobre os neo-convertidos.
Simão
observava, extasiado, os sinais e grandes milagres praticados por Filipe, mas,
até que Pedro e João descessem até ali, ele não vira ninguém ser cheio do
Espírito.
E foi
quando isso ocorreu que ele pecou: Simão anelou a capacidade de liberar o
Espírito Santo, pagando dinheiro aos apóstolos (vs. 18,19)!
Pedro, o apóstolo
dos judeus, disse que ele estava "em
fel de amargura [cura interior] e laço de iniqüidade [libertação]."
(vs. 23).
A Bíblia
na Linguagem de Hoje verte a expressão traduzida em "fel de amargura" como "inveja, uma inveja amarga como fel." O que movia o
coração de Simão a ser como os apóstolos era um sentimento amargo de cobiça, e
não a vontade de fazer a obra de Deus.
Como
ex-feiticeiro, ele tinha a mente moldada pelos padrões do mundo, encarando o
batismo no Espírito Santo como uma nova mágica. Simão cria em Jesus, havia se
batizado nas águas, mas não tinha o coração reto diante de Deus, guardando
amargura dentro dele.
Ele
necessitava de arrependimento e oração por haver pecado, devido a seu estado
interior. É por essa razão que a Palavra de Deus traz o seguinte apelo:
"Tendo cuidado de que ninguém se prive da
graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por
ela muitos se contaminem." (Hb 12.15; cf. Dt 29.18)
Sim, a
Igreja pode trazer raízes de amargura em sua composição, devido à negligência
dos santos em colocarem-se constantemente na presença de Deus com o fim de
serem purificados por Sua Palavra – João 15.3 – “Vós já estais limpos pela palavra
que vos tenho falado”.
Vez após
vez, situação após situação, somos tentados a permitir que nosso coração volte
a guardar sentimentos amargos; como: ira, inveja, disputa e divisão. Repare que
nossa situação emocional encontra-se intimamente ligada à nossa vida de
santidade, acarretando graves problemas quando não for tratada por Deus.
Isso fica
bem patente na vida do apóstolo Pedro, o qual "chorou amargamente" ao ser confrontado por seu pecado de
negar a Cristo por três vezes (Lc 22.62).
Após a
ressurreição, o Senhor foi encontrar-se com o apóstolo, que se encontrava
pescando com seis outros discípulos – João 21.1-3 – “1 Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar
de Tiberíades; e manifestou-se deste modo: 2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que
era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus
discípulos. 3 Disse-lhes Simão
Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe: Nós também vamos contigo. Saíram e entraram
no barco; e naquela noite nada apanharam”.
O apóstolo
negara a Cristo à volta de uma fogueira; da mesma forma, ele o aceitaria
novamente em volta de uma fogueira preparada pelo próprio Senhor (vs. 9,15-17).
O que
Jesus fez reflete uma restauração de ministério e chamado na vida de Pedro.
Embora Ele houvesse aparecido para os apóstolos em duas ocasiões, com provas de
sua revivificação corporal, Pedro continuava com o coração traumatizado pela
ocasião em que, negando ao Messias, pôde ver os olhos dele encontrarem os seus,
sob o som acusador do galo da madrugada.
Nas vezes
em que surgiu aos seus, Cristo nada dissera a Simão sobre sua negação pública,
nem lhe dirigira a frase "perdoados
são os teus pecados". O pescador de homens, não obstante, continuava
capaz de influenciar as pessoas com seu temperamento espontâneo, levando seis
companheiros para a antiga vida de pescadores de peixes, baseados na força
própria, sem a presença e proteção de Cristo. O apóstolo estava privando-se da
graça de Deus, deixando brotar uma raiz de amargura que perturbava aos outros,
contaminando-os.
Apesar
disso, Jesus levou o instável Simão a um encontro à beira do mar da Galiléia,
entre a vida antiga e a nova, entre a justiça própria e a confiança na provisão
divina, entre o refugo no mundo e a cura dos quebrantados de coração.
É isso o
que Deus quer fazer com aqueles que não entram no ministério por causa de
mágoas, de palavras de condenação lançadas por outros, de ressentimentos e de
outras raízes amargas, que estão contaminando sua vida com Deus e ocupando o
lugar da alegria do Espírito, que é uma das qualidades produzidas por Ele – Gálatas
5.21,22 – “21 as
invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais
vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não
herdarão o reino de Deus. 22 Mas
o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a
bondade, a fidelidade”.
É preciso
que a Igreja se encarregue de prosseguir o trabalho terreno do Senhor, levando
o Evangelho aos corações partidos e orando pela cura interior dos novos
convertidos, a fim de que pessoas entristecidas pelos acontecimentos da vida
passada possam encontrar a alegria do óleo do Senhor.
Amém!!!
Pr. JACIR AILTON DA SILVEIRA – Teólogo
Membro do CFP – Conselho Federal de Pastores desde 07/2010, sob nº C-1280
Nossos contatos:
e-mail: jacirailtondasilveira@gmail.com
Telefones: 0xx44 99900-9947
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