sexta-feira, 20 de abril de 2012

A Cura das Feridas Emocionais


A Cura das Feridas Emocionais
Pr. JACIR AILTON DA SILVEIRA – CFP – C-1280
1. Introdução
2. O Que é a Cura Interior
3. A Nova Criação
4. Santos de Coração Tortuoso
1. Introdução
1ª Coríntios 12
7 – A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum.
8 – Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
9 – a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10 – a outro a operação de milagres; a outro a profecia; a outro o dom de discernir espíritos; a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação de línguas.
11 – Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer.
Você já parou para pensar por que o apóstolo Paulo fala de "dons de curar", no plural, e não do "dom de curar"?
Alguns interpretam essa pluralidade afirmando que os dons de curar seriam habilidades para curar enfermidades específicas.
Por exemplo: a uma pessoa Deus daria o dom de orar pelos cancerosos, e vê-los sendo sarados. A outra Deus concederia a habilidade de ministrar cura aos alérgicos, a outro o dom de tirar dores, e assim por diante.
Esta explicação parece aceitável, mas não se apóia nos escritos sagrados.
No livro de Atos, não lemos em lugar algum este tipo de atuação por parte dos apóstolos e demais servos de Deus. Ele não concedia o poder para curar esta ou aquela doença, mas uma habilidade única, utilizada na cura de todos os males:
Atos 5.15,16
15 a ponto de transportarem os enfermos para as ruas, e os porem em leitos e macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles.
16 Também das cidades circunvizinhas afluía muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados.
Atos 19.11,12
11 E Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres extraordinários,
12 de sorte que lenços e aventais eram levados do seu corpo aos enfermos, e as doenças os deixavam e saíam deles os espíritos malignos.
Atos 28.8,9
8 Aconteceu estar de cama, enfermo de febre e disenteria, o pai de Públio; Paulo foi visitá-lo, e havendo orado, impôs-lhe as mãos, e o curou.
9 Feito isto, vinham também os demais enfermos da ilha, e eram curados;
Atentando a descrição que o Senhor Jesus deu acerca de seu ministério, podemos entender quais são os dons de curar:
Lucas 4.18,19
18 O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
19 e para proclamar o ano aceitável do Senhor.
Nestes versículos lemos que havia dois tipos de cura praticados pelo Messias:
1.           A cura dos "quebrantados de coração" – vs. 18; e
2.           A "restauração da vista aos cegos" – vs. 19.
Uma referência resumida dos milagres de cura física, efetuados por ele. Dessa forma, os dons de curar são o poder de ministrar, no poder do Espírito Santo, a restituição da parte física e emocional, àqueles a quem assim Deus quiser.

Algumas igrejas têm se utilizado de técnicas humanas, que fogem do campo de atuação do Corpo de Cristo, como a regressão da pessoa até o útero, em que a mente do indivíduo é "rebobinada" ao instante de sua formação no ventre materno, além da hipnose, em que a pessoa é posta em transe induzido com o fim de rememorar seus traumas.
A cura emocional que Deus praticou e pratica não têm ligação alguma com tais práticas. Neste texto estaremos analisando apenas os aspectos bíblicos, sem preocupar-nos com experiências ou metodologias que busquem apoio no verdadeiro ensino da cura interior.
2. O Que é a Cura Interior
O Salmo 147.3 nos traz uma singela declaração acerca do operar de Deus no ser humano:
"Sara os quebrantados de coração, e lhes ata as suas feridas."
Segundo a Palavra de Deus, nós somos um ser único, constituído por três partes: espírito, alma e corpo:
Hebreus 4
12 Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.
1ª Tessalonicenses 5
23 E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
Assim como há doenças que afetam o corpo, nossa casa terrestre.
Jó 4
18 Eis que Deus não confia nos seus servos, e até a seus anjos atribui loucura;
19 quanto mais aos que habitam em casas de lodo, cujo fundamento está no pó, e que são esmagados pela traça!
2ª Coríntios 5
1 Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.
2 Pois neste tabernáculo nós gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação que é do céu,
3 se é que, estando vestidos, não formos achados nus.
2ª Pedro 1
13 E tendo por justo, enquanto ainda estou neste tabernáculo, despertar-vos com admoestações,
14 sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, assim como nosso Senhor Jesus Cristo já mo revelou.
Há feridas que podem ser abertas em nossa alma, isto é, nossa memória, emoções e mente. Nosso comportamento e forma de sentir são marcados por situações que passamos na vida natural, e que deixaram suas marcas, tais como: medos, mágoas, ressentimentos e rancor.
Quando recebemos a Jesus Cristo, entrando em seu Corpo espiritual, a Igreja, nós trazemos essas feridas conosco, as quais, muitas vezes, se tornam parte de nossa vida. Agora que Deus se tornou nosso Senhor e Pai, Ele pode fechar as chagas do coração para que O sirvamos perfeitamente.
Por diversas vezes, os profetas descreveram essa restauração interior concedida por Javé, quando o povo de Israel fosse abençoado material e espiritualmente. Após profetizar a vinda e o ministério do Messias, Isaías declarou:
Isaías 61
3 a ordenar acerca dos que choram em Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em vez de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor, para que ele seja glorificado.
3. A Nova Criação
Há crentes sinceros que levantam uma objeção ao ensino da cura interior: "Porquê um regenerado precisaria passar por uma experiência de cura posterior à conversão se, conforme a Bíblia Sagrada, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas?” – 2ª Coríntios 5:17
Esse argumento não procede.
Primeiramente, convém reparar que os filhos da nova aliança não recebem qualquer direito de serem curados pelo fato de haverem aceitado a Jesus como Senhor. A cura que recebemos na cruz foi a de nossas feridas espirituais, e não a das doenças físicas e/ou emocionais.
Se a cruz fosse a provisão para nossas enfermidades, como o é para nossos pecados, a forma de receber a cura divina seria a mesma que para obter expiação de pecados: arrependimento e fé em Cristo.
Acontece que, quando alguém se converte a Deus, normalmente seus problemas físicos continuam acompanhando-o, não obstante o Pai já haver perdoado-o por completo. Se o indivíduo recebe fé para ser salvo, porque não é curado também? Seria a cura divina mais difícil de receber que a salvação eterna?
O pecado é visto na Bíblia como uma doença crônica, que afeta todo o homem,
Isaías 1
4 Ah, nação pecadora, povo carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos que praticam a corrupção! Deixaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, voltaram para trás.
5 Por que seríeis ainda castigados, que persistis na rebeldia? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco.
6 Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã; há só feridas, contusões e chagas vivas; não foram espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo.
Foi desta doença que o Senhor nos curou com sua morte vicária.
1ª Pedro 2
21 Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas.
22 Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano;
23 sendo injuriado, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente;
24 levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.
25 Porque éreis desgarrados, como ovelhas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas.
Os autores dos evangelhos sempre recitavam as profecias ao vê-las cumpridas na vida do Senhor. É verdade que nem todas as profecias foram aplicadas por eles no momento de seu cumprimento, contudo eles jamais citavam-nas em eventos menores, de pouca importância, em detrimento de seu verdadeiro cumprimento maior.
Se Jesus tomou as nossas enfermidades na cruz do Calvário, por que nenhum evangelista prescreveu a profecia de:
Isaías 53 – “4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. 5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. como sendo cumprida ali?
A resposta é óbvia: Cristo carregou as doenças do povo israelita quando gastava tempo para atentar suas dores e curar suas enfermidades.
Mateus 8
16 Caída a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra expulsou os espíritos, e curou todos os enfermos;
17 para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças.
No livro de Hebreus, o autor faz uma comparação pormenorizada entre os rituais simbólicos da lei e a realidade dos elementos da graça, experimentados pelos cristãos. Em todas as instâncias, ele apresenta a superioridade de Jesus Cristo como Mediador, Sumo-Sacerdote e Filho de Deus, maior que os anjos.
Hebreus 1
1 Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,
2 nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo;
9 Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros;
Moisés
Hebreus 3
1 Pelo que, santos irmãos, participantes da vocação celestial, considerai o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus,
2 como ele foi fiel ao que o constituiu, assim como também o foi Moisés em toda a casa de Deus.
3 Pois ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.
4 Porque toda casa é edificada por alguém, mas quem edificou todas as coisas é Deus.
5 Moisés, na verdade, foi fiel em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar;
6 mas Cristo o é como Filho sobre a casa de Deus; a qual casa somos nós, se tão-somente conservarmos firmes até o fim a nossa confiança e a glória da esperança.
E os sacerdotes levitas
Hebreus 5
1 Porque todo sumo sacerdote tomado dentre os homens é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados,
2 podendo ele compadecer-se devidamente dos ignorantes e errados, porquanto também ele mesmo está rodeado de fraqueza.
3 E por esta razão deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, oferecer sacrifício pelos pecados.
4 Ora, ninguém toma para si esta honra, senão quando é chamado por Deus, como o foi Arão.
5 assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei;
6 como também em outro lugar diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
7 O qual nos dias da sua carne, tendo oferecido, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua reverência,
8 ainda que era Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu;
9 e, tendo sido aperfeiçoado, veio a ser autor de eterna salvação para todos os que lhe obedecem,
10 sendo por Deus chamado sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.
Se o Messias houvesse levado as enfermidades físicas dos pecadores sobre o madeiro, com certeza esse seria um fato de grande importância, podendo ser recitado como prova da superioridade do novo acordo sobre o antigo: antes de Cristo, a cura divina teria sido a promessa de uma bênção futura para os que obedecessem a Torá, enquanto que, após sua morte e ressurreição, a cura seria a declaração a respeito de uma verdade presente sobre todos os que crêem.
Acontece que em parte alguma da Carta aos Hebreus, encontramos algo parecido com tal comparação, o que seria estranho se a provisão de cura física fosse uma parte importante da obra do Calvário.
E o restante do Novo Testamento também silencia sobre esta questão. As referências de Mateus e Pedro são as únicas existentes nos escritos da nova aliança, atestando o pleno cumprimento da predição de Isaías: a natural e a espiritual.
Assim, podemos interpretar a passagem de Isaías 53.4,5 de duas formas: como uma referência ao ministério de Jesus, no qual ele "carregava" as enfermidades do povo, curando-o – Mateus 8.16,17; e como uma referência ao ato de carregar nossos pecados em seu corpo, provendo-nos cura espiritual do pecado – 1ª Pedro 2.21-25.
Não há motivos para estendê-la para além disso, forçando a aplicação natural para os membros da Igreja.
Por isso, devemos ter em mente que a cura interior não é um elemento do Evangelho, pois este "é o poder de Deus para a salvação [e não para a cura] de todo aquele que crê" – Romanos 1.16.
Além disso, a nova criação, da qual já fazemos parte ao entrar no Reino de Deus, é espiritual, e não física ou psicológica.
A descrição de 2ª Coríntios 5.17 – Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Fala da mudança que experimentamos em Jesus: de fracos pecadores, inimigos de Deus, a salvos justificados, amigos Dele – Romanos 5 – 6 Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios. 7 Porque dificilmente haverá quem morra por um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse morrer. 8 Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. 9 Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. 10 Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida”.
De miseráveis condenados a absolvidos de qualquer condenação – Romanos 7.24 e 8.2 – 24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? 2 Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte”.
De mortos em delitos e transgressões a ressuscitados com Cristo – Efésios 2.1,5 – 1 Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, 5 estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)”.
De guiados pelos espíritos maus a assentados com Cristo nas regiões celestes – Efésios 2.2,6 – 2 nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de desobediência, 6 e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus”.
Assim, reivindicar nossa posição de filhos de Deus para negar que uma experiência de cura interior, pós-conversão, seja antibíblica, é tão razoável quanto dizer que um verdadeiro crente passa por um rejuvenescimento de aparência física ao conhecer a Deus.
4. Santos de Coração Tortuoso
Agora, vamos para os fundamentos bíblicos, mostrando que um coração convertido a Deus, purificado do pecado, pode continuar portando as velhas marcas emocionais, necessitando do toque curador de Deus:
Atos 8
20 Mas disse-lhe Pedro: Vá tua prata contigo à perdição, pois cuidaste adquirir com dinheiro o dom de Deus.
21 Tu não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus.
22 Arrepende-te, pois, dessa tua maldade, e roga ao Senhor para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração;
23 pois vejo que estás em fel de amargura, e em laços de iniqüidade.
Este trecho traz a dura repreensão dada por Pedro a Simão, um ex-feiticeiro convertido ao Evangelho pela pregação do diácono Filipe. Note bem o versículo 13, que afirma: "E creu até o próprio Simão; e sendo batizado..." Creu em quê? O versículo 12 diz:
"Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres."
Simão, portanto, havia crido no Senhor Jesus e batizando-se, confirmando sua conversão. Não há motivo para declarar que ele era um falso cristão. O problema de Simão está exposto nos vs. 14-19: quando os apóstolos souberam que havia cristãos em Samaria, eles foram até a cidade orar para que o Espírito Santo descesse sobre os neo-convertidos.
Simão observava, extasiado, os sinais e grandes milagres praticados por Filipe, mas, até que Pedro e João descessem até ali, ele não vira ninguém ser cheio do Espírito.
E foi quando isso ocorreu que ele pecou: Simão anelou a capacidade de liberar o Espírito Santo, pagando dinheiro aos apóstolos (vs. 18,19)!
Pedro, o apóstolo dos judeus, disse que ele estava "em fel de amargura [cura interior] e laço de iniqüidade [libertação]." (vs. 23).
A Bíblia na Linguagem de Hoje verte a expressão traduzida em "fel de amargura" como "inveja, uma inveja amarga como fel." O que movia o coração de Simão a ser como os apóstolos era um sentimento amargo de cobiça, e não a vontade de fazer a obra de Deus.
Como ex-feiticeiro, ele tinha a mente moldada pelos padrões do mundo, encarando o batismo no Espírito Santo como uma nova mágica. Simão cria em Jesus, havia se batizado nas águas, mas não tinha o coração reto diante de Deus, guardando amargura dentro dele.
Ele necessitava de arrependimento e oração por haver pecado, devido a seu estado interior. É por essa razão que a Palavra de Deus traz o seguinte apelo:
"Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem." (Hb 12.15; cf. Dt 29.18)
Sim, a Igreja pode trazer raízes de amargura em sua composição, devido à negligência dos santos em colocarem-se constantemente na presença de Deus com o fim de serem purificados por Sua Palavra – João 15.3 – Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”.
Vez após vez, situação após situação, somos tentados a permitir que nosso coração volte a guardar sentimentos amargos; como: ira, inveja, disputa e divisão. Repare que nossa situação emocional encontra-se intimamente ligada à nossa vida de santidade, acarretando graves problemas quando não for tratada por Deus.
Isso fica bem patente na vida do apóstolo Pedro, o qual "chorou amargamente" ao ser confrontado por seu pecado de negar a Cristo por três vezes (Lc 22.62).
Após a ressurreição, o Senhor foi encontrar-se com o apóstolo, que se encontrava pescando com seis outros discípulos – João 21.1-3 – 1 Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se deste modo: 2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. 3 Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe: Nós também vamos contigo. Saíram e entraram no barco; e naquela noite nada apanharam”.
O apóstolo negara a Cristo à volta de uma fogueira; da mesma forma, ele o aceitaria novamente em volta de uma fogueira preparada pelo próprio Senhor (vs. 9,15-17).
O que Jesus fez reflete uma restauração de ministério e chamado na vida de Pedro. Embora Ele houvesse aparecido para os apóstolos em duas ocasiões, com provas de sua revivificação corporal, Pedro continuava com o coração traumatizado pela ocasião em que, negando ao Messias, pôde ver os olhos dele encontrarem os seus, sob o som acusador do galo da madrugada.
Nas vezes em que surgiu aos seus, Cristo nada dissera a Simão sobre sua negação pública, nem lhe dirigira a frase "perdoados são os teus pecados". O pescador de homens, não obstante, continuava capaz de influenciar as pessoas com seu temperamento espontâneo, levando seis companheiros para a antiga vida de pescadores de peixes, baseados na força própria, sem a presença e proteção de Cristo. O apóstolo estava privando-se da graça de Deus, deixando brotar uma raiz de amargura que perturbava aos outros, contaminando-os.
Apesar disso, Jesus levou o instável Simão a um encontro à beira do mar da Galiléia, entre a vida antiga e a nova, entre a justiça própria e a confiança na provisão divina, entre o refugo no mundo e a cura dos quebrantados de coração.
É isso o que Deus quer fazer com aqueles que não entram no ministério por causa de mágoas, de palavras de condenação lançadas por outros, de ressentimentos e de outras raízes amargas, que estão contaminando sua vida com Deus e ocupando o lugar da alegria do Espírito, que é uma das qualidades produzidas por Ele – Gálatas 5.21,22 – 21 as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus. 22 Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade”.
É preciso que a Igreja se encarregue de prosseguir o trabalho terreno do Senhor, levando o Evangelho aos corações partidos e orando pela cura interior dos novos convertidos, a fim de que pessoas entristecidas pelos acontecimentos da vida passada possam encontrar a alegria do óleo do Senhor.

Amém!!!
Pr. JACIR AILTON DA SILVEIRA – Teólogo

Membro do CFP – Conselho Federal de Pastores desde 07/2010, sob nº C-1280
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