sábado, 14 de abril de 2012

A CURA DO CEGO DE JERICÓ


A CURA DO CEGO DE JERICÓ
Pr. JACIR AILTON DA SILVEIRA
Jesus causava alvoroço por onde passava. Mesmo quando realizava suas curas maravilhosas e pedia que as pessoas não as relatassem a ninguém, elas não conseguiam ficar sem dar glória a Deus e contavam para todo mundo. Então deste modo por todos os cantos corria a sua fama.
Quando esteve em Jericó não foi diferente. Havia naquele lugar um cego cuja cegueira era apenas uma privação dos sentidos, isto é, uma cegueira física e não espiritual, pois ao ouvir o barulho da multidão ao seu redor perguntou a um dos transeuntes o que estava acontecendo.
Respondeu-lhe o homem que todos se encontravam agitados daquela maneira por causa de Jesus que ali se encontrava. Podemos assim notar que o cego de Jericó tinha uma aguçada percepção espiritual, discernindo algo diferente que estava acontecendo ao seu redor.
Desta forma o cego prontamente começou a clamar:
“… Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc.10.47)
Primeiramente necessitamos entender o significado do verbo clamar, verbo de origem latina: clamare, que quer dizer proferir em voz alta, gritar, implorar.
Citamos a seguir uns dos significados do verbo implorar, sinônimo de clamar, que mais nos chamam a atenção, são:
-pedir com lágrimas ou em tom de súplica chorosa;
-pedir humildemente a ajuda de alguém;
-solicitar com insistência e veemência.
Mas por que o significado deste verbo nos chama tanto a atenção?
Talvez tenha sido por transmitir o sentido literal do que fez o cego de Jericó, ao estar tão próximo do salvador. Ele não se envergonhou, porém desceu ao pó, permitindo ao Eterno perceber a sinceridade do seu coração.
A reação da multidão foi contrária a sua atitude, ela expressa uma forma de repreensão e censura para com o procedimento do cego de Jericó com Jesus.
É interessante ver que no texto de Mateus que temos dois cegos e não apenas um. Jesus realiza a cura de um cego na saída da velha Jericó (Mc. 10.46) e do outro na entrada da nova cidade de Jericó (Lc. 18.35).
No evangelho de Lucas no capítulo 18, Cristo nos ensina com que freqüência devemos orar ao Senhor e que nossas orações precisam ser produção de um coração contrito.
Precisamos ser insistentes em nossas orações, como ensina Jesus na parábola do juiz iníquo e elas devem ser verdadeiras, como nos é ensinado na parábola do fariseu e do publicano.
Estas lições são colocadas em prática mais a frente na vida do cego Bartimeu, que insiste em ser atendido por Cristo mediante o seu clamor.
Ele não se deixa intimidar pela força das circunstâncias ou pela oposição das massas, muito pelo contrário ao se sentir acuado pela multidão a sua volta para que parasse de clamar, grita mais alto ainda, o seu brado é mais resistente a tentativa de calar sua voz.
O que se pode notar no seguinte trecho deste texto de Marcos 10.48:
“… E muitos o repreendiam para que se calasse, ele, porém, gritava mais ainda…”
Também notamos em sua oração, uma singeleza nas palavras que utilizou. O cego de Jericó não fez uso de um vocabulário rebuscado com metáforas, hipérboles etc; porém falou com Jesus sobre o que ia em sua alma.
Há uma passagem na Bíblia que diz que não é no muito falar que seremos atendidos, mas na qualidade desse falar.
A oração de Bartimeu é bem simples e curta. Ele não procurou tirar o atraso da oração, muito pelo contrário buscou ser sintético enfatizando o que realmente era importante pedir naquele momento em que orava.
Vejamos :
“… Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc 10.47
“… Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc. 10.48)
Mas o que deveria ser levado em consideração nestas orações?
Devemos considerar a existência de uma invocação do nome de Jesus, um chamamento, Jesus é chamado para vir ter compaixão do cego. Bartimeu não busca resolver seu problema por si mesmo, mas sim deseja que Jesus o ajude, intercedendo pela intervenção deste em sua vida.
O cego entende que carece de Jesus para resolver aquela questão.
Podemos notar aqui que Bartimeu se humilha e reconhece a soberania de Deus, na figura de Cristo.
O que em nossos dias atuais tem tentado calar o nosso clamor a Deus?
Serão as dificuldades do dia a dia?
Será o nosso próprio eu?
Ou serão nossas próprias limitações?
A limitação de Bartimeu era sua cegueira física, porém isso não o impediu de ser abençoado pelo verbo em pessoa, Cristo.
Notamos que Cristo pergunta ao cego: “o que deseja que lhe seja feito?”.
Que coisa estranha!
É claro que Ele sendo o próprio Filho de Deus poderia curá-lo automaticamente, sem que houvesse esta necessidade.
O Senhor Jesus desta maneira nos apresenta um Deus que se importa com as dores humanas, que busca ter intimidade com o homem e que procura fazer com que o ser humano através de seu pedido, interioriza a divindade como pai.
Afinal esta foi a marca distintiva entre o cristianismo e as demais religiões, pois o primeiro buscava apresentar a divindade bem mais próxima da humanidade; isto é, visando ter com o homem uma relação de pai e filho, bem mais chegada.
Até então no mundo o homem da antigüidade apenas conhecia as divindades como seres, coisas, essências ou objetos constituídos de poder sobrenatural, porém sem ter relação pessoal com ele.
É na personificação do verbo que isto se realiza, é o próprio Jesus Cristo quem nos dá uma visão diferente de Deus.
A relação entre pais e filhos deve ser baseada no diálogo, na confiança, no amor e no carinho. Um filho que seja educado deste modo, com certeza confiará no pai e lhe pedirá tudo de que necessita, ele não temerá aproximar-se de seu pai pois sente-se a vontade para contar-lhe todas as suas necessidades.
E o que vemos neste texto?
Aqui Jesus apresenta o Deus Pai na realidade concreta da vida do cego Bartimeu, ao lhe perguntar o que desejava que lhe fosse feito.
É óbvio que Jesus sabia qual era o desejo do cego, contudo fez com que ele o externalizasse, desenvolvendo nele uma dependência de Deus.
Bartimeu é comparado a uma criança cuja relação com seu Pai é tão boa que ao pedir qualquer coisa a ele, possui a confiança de ser prontamente atendida.
Será que temos nos colocado nas mãos do Senhor Jesus como fez o cego de Jericó?
Creio que não, pois muitas das vezes nos achamos com capacidade de resolver nossos problemas e tiramos Deus da posição que lhe é devida em nossas vidas.
Mas que posição seria essa?
A resposta a essa pergunta é de que a posição do Senhor deve ser a daquele que ocupa o primeiro lugar e não o último.
Nosso ego, portanto necessita ser amortecido para realmente nos encontrarmos debaixo do senhorio de Deus e podermos afirmar como o apóstolo Paulo: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”.

Amém!!!
Pr. JACIR AILTON DA SILVEIRA – Teólogo

Membro do CFP – Conselho Federal de Pastores desde 07/2010, sob nº C-1280
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