A
CURA DO CEGO DE JERICÓ
Pr.
JACIR AILTON DA SILVEIRA
Jesus
causava alvoroço por onde passava. Mesmo quando realizava suas curas
maravilhosas e pedia que as pessoas não as relatassem a ninguém, elas não
conseguiam ficar sem dar glória a Deus e contavam para todo mundo. Então deste
modo por todos os cantos corria a sua fama.
Quando
esteve em Jericó não foi diferente. Havia naquele lugar um cego cuja cegueira
era apenas uma privação dos sentidos, isto é, uma cegueira física e não
espiritual, pois ao ouvir o barulho da multidão ao seu redor perguntou a um dos
transeuntes o que estava acontecendo.
Respondeu-lhe
o homem que todos se encontravam agitados daquela maneira por causa de Jesus
que ali se encontrava. Podemos assim notar que o cego de Jericó tinha uma
aguçada percepção espiritual, discernindo algo diferente que estava acontecendo
ao seu redor.
Desta
forma o cego prontamente começou a clamar:
“… Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc.10.47)
“… Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc.10.47)
Primeiramente
necessitamos entender o significado do verbo clamar, verbo de origem latina: clamare,
que quer dizer proferir em voz alta, gritar, implorar.
Citamos a
seguir uns dos significados do verbo implorar, sinônimo de clamar, que mais nos
chamam a atenção, são:
-pedir com lágrimas ou em tom de súplica chorosa;
-pedir humildemente a ajuda de alguém;
-solicitar com insistência e veemência.
-pedir com lágrimas ou em tom de súplica chorosa;
-pedir humildemente a ajuda de alguém;
-solicitar com insistência e veemência.
Mas por
que o significado deste verbo nos chama tanto a atenção?
Talvez
tenha sido por transmitir o sentido literal do que fez o cego de Jericó, ao estar
tão próximo do salvador. Ele não se envergonhou, porém desceu ao pó, permitindo
ao Eterno perceber a sinceridade do seu coração.
A reação
da multidão foi contrária a sua atitude, ela expressa uma forma de repreensão e
censura para com o procedimento do cego de Jericó com Jesus.
É
interessante ver que no texto de Mateus que temos dois cegos e não apenas um.
Jesus realiza a cura de um cego na saída da velha Jericó (Mc. 10.46) e do outro
na entrada da nova cidade de Jericó (Lc. 18.35).
No
evangelho de Lucas no capítulo 18, Cristo nos ensina com que freqüência devemos
orar ao Senhor e que nossas orações precisam ser produção de um coração
contrito.
Precisamos
ser insistentes em nossas orações, como ensina Jesus na parábola do juiz iníquo
e elas devem ser verdadeiras, como nos é ensinado na parábola do fariseu e do
publicano.
Estas
lições são colocadas em prática mais a frente na vida do cego Bartimeu, que
insiste em ser atendido por Cristo mediante o seu clamor.
Ele não se
deixa intimidar pela força das circunstâncias ou pela oposição das massas,
muito pelo contrário ao se sentir acuado pela multidão a sua volta para que
parasse de clamar, grita mais alto ainda, o seu brado é mais resistente a
tentativa de calar sua voz.
O que se
pode notar no seguinte trecho deste texto de Marcos 10.48:
“… E muitos o repreendiam para que se calasse, ele, porém, gritava mais ainda…”
“… E muitos o repreendiam para que se calasse, ele, porém, gritava mais ainda…”
Também
notamos em sua oração, uma singeleza nas palavras que utilizou. O cego de
Jericó não fez uso de um vocabulário rebuscado com metáforas, hipérboles etc;
porém falou com Jesus sobre o que ia em sua alma.
Há uma
passagem na Bíblia que diz que não é no muito falar que seremos atendidos, mas
na qualidade desse falar.
A oração
de Bartimeu é bem simples e curta. Ele não procurou tirar o atraso da oração,
muito pelo contrário buscou ser sintético enfatizando o que realmente era
importante pedir naquele momento em que orava.
Vejamos :
“… Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc 10.47
“… Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc. 10.48)
“… Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc 10.47
“… Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc. 10.48)
Mas o que
deveria ser levado em consideração nestas orações?
Devemos
considerar a existência de uma invocação do nome de Jesus, um chamamento, Jesus
é chamado para vir ter compaixão do cego. Bartimeu não busca resolver seu
problema por si mesmo, mas sim deseja que Jesus o ajude, intercedendo pela
intervenção deste em sua vida.
O cego
entende que carece de Jesus para resolver aquela questão.
Podemos
notar aqui que Bartimeu se humilha e reconhece a soberania de Deus, na figura
de Cristo.
O que em
nossos dias atuais tem tentado calar o nosso clamor a Deus?
Serão as
dificuldades do dia a dia?
Será o
nosso próprio eu?
Ou serão
nossas próprias limitações?
A
limitação de Bartimeu era sua cegueira física, porém isso não o impediu de ser
abençoado pelo verbo em pessoa, Cristo.
Notamos
que Cristo pergunta ao cego: “o que
deseja que lhe seja feito?”.
Que coisa
estranha!
É claro
que Ele sendo o próprio Filho de Deus poderia curá-lo automaticamente, sem que
houvesse esta necessidade.
O Senhor
Jesus desta maneira nos apresenta um Deus que se importa com as dores humanas,
que busca ter intimidade com o homem e que procura fazer com que o ser humano
através de seu pedido, interioriza a divindade como pai.
Afinal
esta foi a marca distintiva entre o cristianismo e as demais religiões, pois o
primeiro buscava apresentar a divindade bem mais próxima da humanidade; isto é,
visando ter com o homem uma relação de pai e filho, bem mais chegada.
Até então
no mundo o homem da antigüidade apenas conhecia as divindades como seres,
coisas, essências ou objetos constituídos de poder sobrenatural, porém sem ter
relação pessoal com ele.
É na
personificação do verbo que isto se realiza, é o próprio Jesus Cristo quem nos
dá uma visão diferente de Deus.
A relação
entre pais e filhos deve ser baseada no diálogo, na confiança, no amor e no
carinho. Um filho que seja educado deste modo, com certeza confiará no pai e
lhe pedirá tudo de que necessita, ele não temerá aproximar-se de seu pai pois
sente-se a vontade para contar-lhe todas as suas necessidades.
E o que
vemos neste texto?
Aqui Jesus
apresenta o Deus Pai na realidade concreta da vida do cego Bartimeu, ao lhe
perguntar o que desejava que lhe fosse feito.
É óbvio
que Jesus sabia qual era o desejo do cego, contudo fez com que ele o
externalizasse, desenvolvendo nele uma dependência de Deus.
Bartimeu é
comparado a uma criança cuja relação com seu Pai é tão boa que ao pedir
qualquer coisa a ele, possui a confiança de ser prontamente atendida.
Será que
temos nos colocado nas mãos do Senhor Jesus como fez o cego de Jericó?
Creio
que não, pois muitas das vezes nos achamos com
capacidade de resolver nossos problemas e tiramos Deus da posição que lhe é
devida em nossas vidas.
Mas que
posição seria essa?
A resposta
a essa pergunta é de que a posição do Senhor deve ser a daquele que ocupa o
primeiro lugar e não o último.
Nosso
ego, portanto necessita ser amortecido para realmente nos encontrarmos debaixo do
senhorio de Deus e podermos afirmar como o apóstolo Paulo: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”.
Amém!!!
Pr. JACIR AILTON DA SILVEIRA – Teólogo
Membro do CFP – Conselho Federal de Pastores desde 07/2010, sob nº C-1280
Nossos contatos:
e-mail: jacirailtondasilveira@gmail.com
Telefones: 0xx44 99900-9947
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